O amor de uma jovem por cavalos crioulos e seu desejo de revolucionar o mundo de crianças com deficiência resultou na fundação da EquoSorriso – Equoterapia e Equitação Lúdica em 2013. Criada como uma homenagem ao legado de Rubia Collect, que faleceu aos 17 anos, a Organização da Sociedade Civil (OSC), que oferece equoterapia para potencializar crianças e adolescentes para a vida social, familiar e escolar em São José dos Pinhais (PR), recebeu esse nome devido aos largos sorrisos estampados no rosto da adolescente.
A instituição iniciou suas atividades após a família de Rubia encontrar um pré-projeto para crianças com deficiência em meio aos seus materiais escolares. Seus familiares já tinham o hábito de auxiliar em projetos sociais e, para atribuir um novo sentido às suas vidas, transformaram o sítio em que moravam, no interior do Paraná, em um espaço de acolhimento e esperança. “Quando a criança senta no lombo do cavalo, há uma conexão, as crianças com deficiência são hipersensíveis e cria-se uma conexão entre a coluna do cavalo e a coluna da criança”, explica Rosana Collect, diretora e fundadora da EquoSorriso.
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A equoterapia é um método terapêutico que utiliza uma abordagem interdisciplinar nas áreas da saúde, educação e equitação para promover o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência. Dados da Associação Nacional de Equoterapia mostram que o método é indicado para doenças genéticas, neurológicas, ortopédicas, musculares e clínico metabólicas, sequelas de traumas e cirurgias, doenças mentais, distúrbios psicológicos e comportamentais e distúrbios de aprendizagem e linguagem.
Benefícios físicos e emocionais
As atividades equestres foram qualificadas como regeneradoras por Hipócrates, considerado o pai da medicina, no período de 458 a 377 a.C. Em seu livro Das dietas, ele menciona os benefícios da equitação à saúde e a recomenda para preservar o corpo humano contra doenças e como tratamento para distúrbios do sono. A equoterapia foi trazida ao Brasil em 1971 pela fisioterapeuta e especialista em equitação Gabriele Walter. Em 1997, foi reconhecida como método terapêutico pelo Conselho Federal de Medicina do Brasil (CFM), sendo incorporada a programas de reabilitação para pessoas com deficiência.
De acordo com a Associação Nacional de Equoterapia, o cavalo ajuda na obtenção de ganhos físicos e psíquicos e a utilização de todo o corpo do praticante auxilia no relaxamento e na conscientização corporal, contribuindo com o desenvolvimento da força muscular e com o aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio. “A interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, os cuidados preliminares, o ato de montar e o manuseio final desenvolvem, ainda, novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima”, informa a Associação.
Atualmente, a EquoSorriso já atendeu mais de 600 crianças, a partir de dois anos de idade. Os diagnósticos são diversos e incluem desde restrição à mobilidade, paralisia cerebral, depressão, displasia e síndromes raras. Para realizar seu trabalho interdisciplinar, a OSC possui profissionais de fisioterapia, psicologia, pedagogia e de equitação. O fisioterapeuta é o responsável pela parte motora, a pedagoga estimula a parte lúdica e sensorial e o psicólogo realiza um atendimento voltado às famílias, já que muitos comportamentos apresentados pelos jovens refletem situações que ele presencia em sua residência.
Mentoria individualizada e que respeita às necessidades de cada criança
As sessões de equoterapia têm duração de uma hora e cada criança recebe um programa individualizado e preparado conforme o diagnóstico e suas necessidades. Periodicamente, o programa é revisado e adaptado de acordo com o progresso, estagnação ou regresso da criança. “Os estímulos da equoterapia atingem o cerebelo, que é a parte do cérebro responsável pela coordenação motora e pelo equilíbrio. A gente chama isso de abrir caixinhas”, completa Rosana.
Contemplar o belo, desfrutar do contato da natureza e fantasiar são apenas algumas atividades que ocorrem em uma sessão de equoterapia. A conexão com o meio ambiente e com o cavalo ajudam os jovens a evoluir psicologicamente, pois também lidam com questões emocionais. Segundo a pedagoga da EquoSorriso, Carla Agulham, a equoterapia ajuda na cognição, na memória, em comportamentos estereotipados e enraizados. A profissional utiliza as estações (momentos de parada de cada sessão) para introduzir desafios às crianças e jovens.
Para Carla, a natureza exerce um papel fundamental no progresso dos praticantes: “A principal diferença em relação à sala de aula, é o emparedamento, o jovem vive de cabeça baixa voltada para o celular. Quando conheci a EquoSorriso, trabalhava no Centro Municipal de Atenção Educacional Especial em Estimulação e Avaliação Precoce. Percebi como estamos pobres de contato porque a maioria das pessoas que vai até a Equo Sorriso mora em apartamento, está emparedada. A equoterapia abre a percepção do indivíduo e isso é encantador. A natureza pode oferecer suporte com seriedade e de uma forma muito lúdica”.
Além da equipe multidisciplinar, a EquoSorriso recebe voluntários do Projeto Comunitário da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Mais de mil alunos da instituição já colaboraram com o trabalho da EquoSorriso. Ao longo de sua trajetória, a organização atendeu mais de 500 crianças e jovens nas sessões de equoterapia.
Mais informações, entre em contato pelo (41) 99753-4439 ou pelas redes sociais:
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