Eu não sabia nada sobre o novo filme da Barbie, além de que seria lançado e que eu estava ansiosa para assisti-lo. Decidi evitar ler qualquer coisa a respeito ou assistir ao trailer. Seria fácil ser influenciada pelas críticas negativas que apontam como a Barbie pode ter sido uma má influência para muitas meninas, devido à busca por uma suposta perfeição corporal irreal. No entanto, essa estereotipagem da boneca não me afetou muito, ser como eu sou fisicamente, nunca foi uma questão pra mim. Há quem discuta esse aspecto de forma mais aprofundada e se você quiser conhecer um exemplo disso o projeto #plasticdoll está passando por Curitiba.
Desde criança, minhas inquietações eram outras, e é nesse ponto que a boneca Barbie e a atriz Margot Robbie me conectam com a trama do filme. Na história, Barbie vive em um mundo aparentemente perfeito, em uma casa dos sonhos com tudo em tons de rosa e pastel na Barbieland, onde convivem diversas versões de Barbies, Kens e o Adam. No meio de um animado número musical com coreografias e roupas brilhantes, Barbie tem sua consciência despertada e lança a pergunta: “Vocês já pensaram sobre a morte?” Silêncio total. Uma falha na matrix do reino rosa. E aqui, devo elogiar a equipe de criação pelos detalhes espetaculares nesses cenários.
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O despertar da consciência
Lembrar-se da primeira vez que manifestamos nossa consciência é um marco na vida de todos nós. Lembro-me bem dessa experiência, e não é uma memória agradável. Eu era muito criança quando percebi que aquele mundo rosa em que eu vivia não passava de uma ilusão, e além disso, algo estava muito errado. Essa percepção inconsciente deixou uma marca em minha personalidade. Essa consciência se despertou em mim quando eles me disseram: “Ninguém pode saber o que acontece aqui.”
Assim como a Barbie no filme, eu tentei ignorar essa consciência, mas foi em vão, tanto para mim quanto para ela. Ambas nos tornamos mais humanas. A narrativa do filme sugere que a consciência da menina que brinca com a Barbie no mundo real abre uma fenda entre os dois universos, e agora a Barbie está sendo influenciada por nossos problemas. Pode não parecer uma história grandiosa à primeira vista, mas é. Pra Barbie a solução foi viajar até o mundo real, pra mim também, uma viagem chamada terapia.
Uma exaltação ao humano em nós
As percepções de Barbie e Ken sobre o mundo real rendem boas risadas. A diretora e roteirista Greta Gerwig é brilhante no filme da Barbie. Seu trabalho em filmes como “Frances Ha”, “Lady Bird” e “Adoráveis Mulheres” já demonstrou sua habilidade. E com Barbie, ela nos presenteia novamente com diálogos bem construídos, humor ácido e repleto de referências e dramas. Definitivamente, não é um filme para crianças, mas recomendo a todas as adolescentes, jovens e adultas. Certamente, haverá pessoas que dirão que é mais uma tentativa de agradar à chamada “geração lacração”, mas não é o caso; também não se trata de uma tentativa frívola de empoderamento. O filme aborda nossas fragilidades e contradições de forma impactante.
Uma das cenas mais emocionantes é quando a Barbie se depara com uma pessoa idosa pela primeira vez. Foi uma experiência surreal e comovente; eu chorei largada na poltrona do cinema. Evitarei dar muitos spoilers, pois vale muito a pena se divertir e se surpreender com a história da Barbie. Por último, gostaria de mencionar a audácia na representação dos executivos da Mattel e elogiar a escolha perfeita de Will Ferrey para o papel de CEO, na maneira em qual foi proposto. Quanto ao Ken, prefiro não revelar muito, pois sua personalidade ainda está em desenvolvimento.
Portanto, se você procura um filme que vá além dos estereótipos infantis, que explore temas mais profundos e desafie padrões, não perca a oportunidade de conferir o novo filme da Barbie. Ele certamente deixará uma marca positiva. As reflexões que ele traz são valiosas e relevantes para nossa sociedade atual. Prepare-se para uma experiência cinematográfica memorável e inspiradora!