A semana foi para lá de movimentada, como comprova o caso do homem que, fugindo da Polícia Militar de Itabira, Minas Gerais, subiu em um poste de luz e ficou lá por 24h até finalmente se entregar. Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a PM flagrou um ladrão carregando pelas ruas nada menos que o portão de uma casa. Como se a situação dele já não fosse ruim, escoltado pela viatura, teve que voltar a pé para devolver o portão. Enquanto isso, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) determinou que Camila Fogaça de Almeida, cumprindo pena em prisão domiciliar, voltasse ao regime fechado após publicar um vídeo enfeitando a sua tornozeleira eletrônica. Foi para a cadeia, mas ganhou seguidores e os seus 15 minutos de fama na mídia nacional.
Enfim, são ocorrências que não deveriam acontecer, mas que também beiram a ingenuidade em comparação com o que se registra pelo mundo. Exemplos não faltam: enquanto no Iraque a imprensa foi proibida de usar a palavra “homossexualidade”, nos Estados Unidos, agentes do FBI trocaram tiros e mataram um homem que vinha ameaçando o presidente Joe Biden de morte. Embora Lula também tenha sido ameaçado por um fazendeiro do Pará, detido pela Polícia Federal, nada se compara ao caso americano ou ao assassinato de um candidato a presidente no Equador, a poucos dias da eleição por lá.
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Apesar dos nossos problemas, em muita coisa o Brasil ainda exala um ar simplório, como exemplifica a polêmica do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO), que colocou os pés pelas mãos ao falar do consórcio dos estados do sul e sudeste (Consud). Pode-se discordar dele, mas é natural que ele defenda vantagens para o seu estado, não é? No caso, ele falou de mais protagonismo para a região no Congresso Nacional, mas a coisa saiu um pouco torta.
Os mais apressados o chamaram de separatista e xenófobo, quando sua fala demonstra, principalmente, que se trata de uma pessoa com dificuldades para se expressar. Enfim, um problema aparentemente grande porque o Brasil ainda tem muito de cidade pequena, no interior do mundo, onde pouca coisa realmente grave acontece e o pouco parece muito. Para os que duvidam, é só olhar para Rússia para ter uma noção sobre o tamanho real dos nossos problemas.
O preço da ecologia
Existe uma questão geralmente ignorada nessas discussões: poupar a natureza é caro. Primeiro, porque é necessário o monitoramento das áreas preservadas, sem falar que os países abdicam de fontes de renda como a venda de madeira, petróleo e pedras preciosas. Além disso, as tais “alternativas verdes” nem sempre são viáveis. Exemplo disso são os carros elétricos, que em função de sua tecnologia avançada, são vendidos a preços ainda inacessíveis para a maioria da população.
Por tudo isso, os governos se equilibram com dificuldade na corda bamba da opinião pública. De um lado, os políticos buscam o apoio do eleitorado, mas nem tudo o que é bonito paga as contas públicas. E foi assim, “pisando em ovos”, que os países que dividem a Amazônia, além de convidados de outras partes do planeta, foram representados na cúpula realizada em Belém.
Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela visam cobrar dos países desenvolvidos o preço para manter a floresta de pé. Em resumo, o evento foi cheio de discursos em que todos apoiam o que é bom, mas sem metas concretas. A ideia é jogar a ideia no ar, evitando compromissos que possam prejudicar a economia dos países envolvidos. É aí que se encaixa o que Lula chamou de “neocolonialismo verde”, em que os países de Primeiro Mundo exigem dos países pobres níveis tão rigorosos de preservação da natureza que tornaria, por exemplo, a agricultura do Brasil menos competitiva no mercado mundial. É justo e necessário preservar a natureza, mas ser bom é uma coisa e ser bobo é outra.
No mais, em uma semana onde se debateu a preservação da natureza e o risco de vida até mesmo de políticos, para saber se as metas ambientais serão mesmo alcançadas, seja ser humano ou planta, é como naquele ditado romano: “quem viver, verá”.