Pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) contam, a partir de agora, com atendimentos especializados no Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo. A Organização, que há 59 anos atende pessoas com múltiplas deficiências, passa a oferecer, no Centro de Reabilitação Padre Pedro Bortolini, que fica na Unidade Hospitalar São Luís Orione, cinco especialidades no tratamento do TEA. O local dispõe de consultórios com equipe especializada, sala multissensorial e atenderá gratuitamente pacientes do SUS curitibano.
Os estudos mais recentes apontam que uma em cada 36 crianças está dentro do espectro do autismo. Buscar atendimento logo que se percebe um desenvolvimento atípico é crucial para melhorar a qualidade de vida do indivíduo. “O primeiro passo é procurar o pediatra, para que o profissional faça as avaliações iniciais, depois ele vai encaminhar para um neuropediatra ou psiquiatra infantil e então serão indicadas terapias, um acompanhamento multidisciplinar. Não existe um tratamento curativo, mas sim para os sintomas que causam prejuízos na criança”, explica a neuropediatra do Pequeno Cotolengo, dra. Mayara Machado.
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Alguns dos Assistidos do Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo são pessoas com autismo. Ao longo dos anos, a Organização foi, também, se especializando nesses atendimentos para garantir mais qualidade de vida a quem vive no local, antes sem um diagnóstico correto. Hoje, todos têm acompanhamento especializado e com excelentes resultados, segundo o diretor-técnico do Complexo, dr. Tiago Kuchnir. “Muitos dos nossos Assistidos também têm autismo, e por isso fomos buscando conhecimento nesta área, pois são vários os níveis, e somado a outros distúrbios e deficiências, já que nossos Assistidos têm múltiplas, o desafio para melhorar a qualidade de vida deles é ainda maior”, explica Kuchnir. “Já tínhamos profissionais capacitados, treinamos outros e contratamos mais funcionários com especialização em Análise do Comportamento aplicada ao Transtorno do Espectro Autista (ABA), pois o nosso objetivo é oferecer atendimentos especializados e que realmente ofereçam resultados”, complementa o médico.
Segundo a neuropediatra, o método ABA é um dos mais indicados. “Crianças que fazem terapias com essa metodologia têm uma evolução melhor. Com maior desenvolvimento da fala, de comunicação, da interação social e melhorando não só o comportamento de uma forma geral, mas também o seu prognóstico a longo prazo”, destaca a Dra. Mayara.
Expansão para mais atendimentos
Com a inauguração da Unidade Hospitalar São Luís Orione, no ano passado, foi possível expandir os serviços. Só para autismo serão 360 atendimentos mensais entre fonoaudiologia, psicologia e terapia ocupacional. Além disso, são mais 1.400 atendimentos mensais de fisioterapia (sendo 1.300 de fisio e 100 de equoterapia) para o público geral.
“Anualmente, serão 4.320 atendimentos entre fonoaudiologia, psicologia e terapia ocupacional e 16.800 atendimentos de fisioterapia (sendo 15.600 de fisio e 1.200 de equoterapia). A expansão faz parte da visão estratégica da Organização, de solidificar-se como Complexo de Saúde, sendo referência no atendimento humanizado e gratuito, promovendo acolhimento, saúde e educação”, destaca o diretor-executivo do Complexo, Diogo Azevedo.
Além do investimento em novas instalações e a criação de dezenas de novos empregos, o Complexo também firmou duas importantes parcerias. A Peanuts, detentora dos direitos autorais do Snoopy e sua turma, liberou, por intermédio da agência licenciadora Lótus Global MKT Brasil, a utilização dos personagens para decoração da nova área. O Complexo de Saúde é a primeira organização filantrópica do Paraná a obter a licença da marca. “As imagens da turma do Snoopy trazem cor e descontração aos ambientes. O atendimento a crianças precisa levar em consideração tudo que é possível para um melhor desenvolvimento, e foi isso que quisemos trazer: personagens, formas e cores bonitas”, afirma Azevedo.
Outra parceria foi com o Grupo Calesita, indústria de brinquedos, que doou diversos itens para a brinquedoteca. “Os brinquedos atendem crianças de diversas idades, são complementos importantes em terapias. A ludicidade é uma das chaves para promoção de desenvolvimento cognitivo e motor, e na nossa brinquedoteca, com os brinquedos recebidos, será possível ir além”, destaca o diretor-executivo.
O atendimento de pessoas com autismo é um antigo sonho da direção do Pequeno Cotolengo. “Sempre sonhamos em ampliar nossos atendimentos para pessoas com autismo, por isso fomos encorajados, em 2022, em conversas de nossa Congregação Orionita, a atualizar nosso carisma nos serviços oferecidos à comunidade em geral. Então sabendo da necessidade do município de Curitiba em um atendimento especializado ao autista, abrimos a nossa casa para com nossa experiência podermos realizar os atendimentos”, conclui o diretor-presidente da Organização, Padre Renaldo Amauri Lopes.
Todo atendimento, para pessoas com autismo, é 100% gratuito e via Sistema Único de Saúde (SUS) Curitibano, graças a uma parceria com a Prefeitura Municipal de Curitiba e o suporte da comunidade que apoia o Pequeno Cotolengo com doações. Para as consultas é preciso procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) e então a unidade fará o encaminhamento ao Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo.