Por Jambres Marcos de Souza Alves
Estamos próximos à metade do ano, e as consequências enfrentadas pelo planeta diante das mudanças climáticas demonstram força e destaque em 2024. Populações ao redor do mundo vêm sofrendo os efeitos, graves e imprevisíveis, no cotidiano de suas vidas. E os dados são desalentadores.
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No dia 15 de maio, a ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou um relatório onde aponta que abril de 2024 foi o mês mais quente já registrado e o 11º mês consecutivo de temperaturas globais recordes. O motivo? A análise apresenta que os desastres climáticos decorrem da duração prolongada de altas temperaturas, fortalecidas pelo El Niño (aquecimento anormal do Oceano Pacífico) e pela energia adicional retida na atmosfera e no oceano pelos gases de efeito estufa, provenientes das atividades humanas.
Na prática, os eventos naturais, todos de alto impacto, incluem as fortes chuvas persistentes no sul do Brasil, nos países africanos como Quênia e Tanzânia, bem como no Afeganistão, na Ásia. As enchentes atingiram o Texas e, em apenas quatro dias, mais de 100 tornados foram registrados em várias localidades na região central dos Estados Unidos. No Oriente Médio, os Emirados Árabes Unidos e partes da Arábia Saudita têm sofrido com temporais. Caos no sul da China, onde foi registrado um acumulado de 600 mm em abril, a precipitação mensal mais elevada desde que os registros começaram, em 1959. Dentre os efeitos colaterais, há os deslocamentos das pessoas, o que cria mais adversidades, já que a infraestrutura dos locais está destruída, além da insegurança alimentar.
Há ciclos naturais inalterados pela humanidade. Contudo, a negligência é indesculpável. No caso do Brasil, nem o Congresso nem o Executivo regulamentaram o Funcap (Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil) que existe desde 2012, embora bastasse apenas um decreto presidencial ou legislativo para isso. No mundo há uma onda crescente de negacionismo das mudanças climáticas, no que parece pretexto para governos ficarem inoperantes. Neste ano, cerca de metade da população mundial de oito bilhões de pessoas votam nas eleições federais, estaduais ou municipais. É o momento de autocrítica, exclusão de negacionistas e reivindicação de planos eficazes de proteção aos municípios. É bem verdade que quase 200 países assinaram o acordo que resultou na Agenda 2030 da ONU, onde as ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis e 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima oferecem propostas efetivas de políticas públicas. Contudo, pelo andar da carruagem, até mesmo estes objetivos serão levados pelas águas. Fiquemos em alerta por nossa sobrevivência.
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Jambres Marcos de Souza Alves é jornalista formado na PUC-Campinas e com pós-graduação em Geopolítica e Relações Internacionais pela Universidade Paulista/SP.