A representatividade da literatura negra cresce no Brasil, mas ainda é pequena, principalmente voltada para o público infantil. E a falta de protagonismo e diversidade nesse segmento inspiraram Matheus Lelis a escrever e ilustrar “Emília e as Rainhas”, a história de uma menina que durante uma aula percebe não conhecer nenhuma rainha negra e de cabelos crespos como ela. O livro de estreia do autor é resultado do seu trabalho de conclusão do curso de design gráfico na Universidade Federal do Paraná (UFPR). O lançamento pelo selo infantil Artêrinha, da editora Appris, será no dia 26 de julho, às 19h, na Gibiteca de Curitiba (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533ª – Centro).
Matheus, de 24 anos, nascido na cidade de Goioerê, interior do Paraná. Além de designer gráfico, ele trabalha como concept artist (artista conceitual) na área de jogos, criando universos mais diversos e inclusivos para os jogadores.
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“A principal mensagem que desejo transmitir com o livro é a importância da representatividade no desenvolvimento da autoestima das crianças. Se ao longo da vida não vemos pessoas com características e origens semelhantes ocupando diversos espaços na sociedade, como os mais elitizados, começamos a nos questionar se conseguimos conquistar também o que sonhamos. Quando pequeno via poucos negros em posições profissionais de destaque. Isso gerava questionamentos profundos, tanto sobre minha aparência quanto meu potencial”, diz Matheus.
Para Matheus, o protagonismo de autores negros no Brasil pode contribuir para combater o racismo estrutural no país. Com rendimentos em média menores, no entanto, a população negra tem menos acesso à literatura voltada para esse segmento. “Certamente há excelentes autores abordando questões raciais no Brasil, mas vejo que a visibilidade ainda é restrita a um pequeno grupo seleto de autores em comparação com a quantidade de produções existentes”, acrescenta Matheus.
Em “Emília e as Rainhas” o autor faz uma homenagem à sua mãe, que tem o mesmo nome da protagonista. “Ela fez o possível e o impossível, enfrentando os desafios de ser mãe solo e mulher negra, para me dar uma excelente educação”, diz. Na história, a personagem Emília revisita um conto antigo sobre quatro rainhas negras em busca de inspiração para uma aula temática sobre o período medieval na escola. Mas decide que irá vestida como sua mãe, Laurinda, a rainha de sua vida.
Foto: Capa de “Emília e as Rainhas” – Divulgação
Sobre o autor
Este é o primeiro livro infantil escrito e ilustrado por Matheus Lelis, criado como projeto de conclusão de curso em Design Gráfico pela UFPR. “Emília e as Rainhas” reúne a paixão pela arte e estudos do autor sobre pautas raciais.
Foto: Divulgação
Sobre o Grupo Editorial Appris
A Appris conta com cinco selos editoriais, entre eles a Artêrinha, voltado para o segmento infantil. Com 14 anos no setor e a experiência de seus editores, que atuam há mais de 35 anos no mercado editorial, a Appris possui um catálogo com mais de 10 mil obras publicadas e que continua a crescer com uma média de 70 lançamentos por mês.