Tendência mundial do varejo e da publicidade, o marketing de retail media vem ganhando popularidade no Brasil, com várias iniciativas anunciadas por varejistas de todo o país. O país deve encerrar 2024 na liderança do crescimento de investimentos na modalidade, estimado em 42,3% –mais que o dobro da média global, que é prevista para 20,3%, segundo dados da consultoria Emarketer.
A retail media conta com dois atores já conhecidos –os varejistas e os anunciantes. Mas os publishers –gestores de sites de notícias na internet aberta– também estão dispostos a se beneficiar da retail media. Assim como os varejistas, publishers têm uma grande quantidade de dados primários dos usuários, mas se diferenciam por alcançarem clientes no topo do funil.
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Para os portais, a estratégia constitui novas fontes de receita por meio da “commerce media” (mídia de comércio), enquanto para as marcas representa novos inventários de mídia, desde ativações off-site até shoppable ads ou marketing de afiliados. Os usuários, por sua vez, vivenciam experiências de compras aprimoradas que lhes permitem descobrir e comprar itens com mais facilidade enquanto navegam na internet aberta.
Cenário favorável
De acordo com a pesquisa “A Grande Desfragmentação”, realizada pela Criteo com mais de 1.000 profissionais, incluindo anunciantes, agências, varejistas e editores, de nove países – incluindo o Brasil – 83% dos publishers disseram estar abertos a incorporar ofertas de produtos em suas páginas da web como uma forma de aproveitar os investimentos com anúncios de retail media, e 69% deles consideram a obtenção de receitas por meio da retail media como uma prioridade (entre alta ou moderada) para o próximo ano e meio (12 a 18 meses).
Um exemplo de parceria bem-sucedida desse tipo foi anunciado nos EUA em abril pela varejista de eletrônicos Best Buy com o portal de conteúdo CNET –tradicional publicação sobre tendências de tecnologia, conhecida por avaliações e análises de produtos e serviços. Segundo as duas empresas, o acordo inclui a curadoria de conteúdo e a publicação de recomendações no site, aplicativo e nas lojas físicas da rede.
“A incorporação da retail media pelos portais de conteúdos e notícias possibilita uma nova configuração da jornada de compra, na qual todas as fases –de descoberta, pesquisas e conversão – são agrupadas em uma única jornada completa”, explica Tiago Cardoso, Managing Director para a América Latina na Criteo.
“Para operar nesse mercado, os publishers precisam ativar seus conjuntos de dados primários e buscar novas parcerias de longo prazo com marcas, agências ou varejistas”, conclui.
No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito: metade (50%) dos publishers entrevistados considera como uma prioridade a formação de parcerias de longo prazo com os anunciantes e varejistas. Quase um terço (28%), porém, apontou faltar oportunidades para a ampliação dos laços com os compradores de anúncios, enquanto que um de cada cinco (20%) publishers revelaram sentir falta de estabelecer relacionamentos diretos com os anunciantes.
A boa notícia para os publishers, de acordo com a pesquisa, é que um terço dos varejistas (31%) e marcas (34%), globalmente, consideraram a formação de novas parcerias um objetivo de marketing muito mais importante em 2024 em comparação com 2023.
Conforme a retail media amadurece, os publishers despontam como valiosos players desse ecossistema. A estratégia permite que eles obtenham novas receitas de ativações off-site para as audiências correspondentes aos seus dados primários, enquanto que a possibilidade para novos formatos de anúncios atrai marcas e agências que buscam oportunidades conforme ampliem suas iniciativas na área.