Diário de Curitiba

Multinacional aposta em economia circular e inclusão social com produção de big bags a partir de plástico reciclado

Foto: Divulgação

Um novo modelo de desenvolvimento sustentável está sendo costurado entre garrafas PET, tecnologia e justiça social. A ICL, multinacional do setor industrial, lançou um projeto inédito que une economia circular, inclusão de catadores e combate à poluição plástica. A iniciativa — em parceria com a Plastic Bank e a Packem — prevê a produção de 468 mil big bags feitas a partir de plástico reciclado, com início em Curitiba e Região Metropolitana.

A proposta tem alcance duplo: de um lado, evita que mais de 830 toneladas de resíduos plásticos cheguem a rios e oceanos; de outro, garante geração de renda e dignidade para aproximadamente 300 catadores, que serão bonificados digitalmente pela entrega de garrafas PET em pontos de coleta credenciados.

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Segundo Márcio Lopes, gerente corporativo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da ICL na América do Sul, o programa reflete o compromisso da companhia com práticas sustentáveis em todas as etapas de sua cadeia produtiva. “Estamos construindo um modelo que beneficia o meio ambiente, as comunidades e o mercado. Um pacote completo de ações sustentáveis, em que todos ganham: a natureza, os trabalhadores e os consumidores”, afirma.

Curitiba como laboratório verde

A escolha de Curitiba como ponto de partida não foi aleatória. A capital paranaense combina tradição em gestão de resíduos com uma posição estratégica: é onde está localizada a Packem Ween, recicladora responsável por transformar as garrafas coletadas em matéria-prima. Rios como Iguaçu, Belém e Atuba, frequentemente impactados pelo descarte irregular de lixo, também influenciaram a decisão — o projeto visa justamente reduzir esse tipo de poluição.

Hoje, já existem 19 pontos de coleta espalhados por bairros curitibanos como Parolin, Cajuru, Uberaba e Cidade Industrial, além de municípios como São José dos Pinhais, Lapa e Campo Magro. Nesses locais, o aplicativo da Plastic Bank garante rastreabilidade via blockchain e remuneração justa por quilo de plástico recolhido, com potencial de aumento de até 30% na renda mensal dos catadores.

“A reciclagem, para nós, não é só uma ação ambiental, mas uma ferramenta de transformação social. Queremos que os catadores sejam reconhecidos como agentes essenciais da economia circular”, explica Ricardo Araújo, diretor de operações da Plastic Bank no Brasil.

Tecnologia, rastreabilidade e transformação

O material coletado é transformado em Plástico Social®, marca registrada da Plastic Bank, e segue para a fábrica da Packem, em Aurora (SC). Lá, o desafio é garantir que o plástico reciclado mantenha propriedades de resistência para a fabricação das big bags, embalagens industriais robustas, geralmente usadas no transporte de insumos sólidos.

“Acreditamos que inovação e responsabilidade ambiental podem andar juntas. Produzir embalagens de alta qualidade com plástico reciclado é parte do nosso compromisso com um futuro mais limpo”, afirma Marcos Spitzner, CFO da Packem.

Ao utilizar Plástico Social® no lugar de plástico virgem, o projeto reduz de forma significativa a pegada ambiental da produção. Em números, evita a fabricação de mais de 830 toneladas de novo plástico — o equivalente a mais de 65 milhões de garrafas PET.

Compromisso com os ODS e expansão nacional

Com contrato inicial até dezembro de 2027, a ICL já planeja expandir a ação para outras regiões do país. A empresa também destaca que o projeto está alinhado com vários dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente os que tratam de trabalho digno, redução das desigualdades, ação climática e consumo responsável.

“A reciclagem por si só não resolve tudo. Mas é o melhor caminho para lidar com o que já foi produzido. O verdadeiro desafio é reduzir o uso de descartáveis e mudar a lógica de consumo. Enquanto isso, precisamos garantir que o plástico que existe volte à cadeia produtiva com responsabilidade”, conclui Lopes.

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