Ícone do site Diário de Curitiba

Estimulação cognitiva traz benefícios para pessoas com TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos distúrbios neurológicos mais estudados da atualidade. De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), estima-se que o TDAH afeta cerca de 5% das crianças e pode persistir na vida adulta em até 60% dos casos, é o que aponta um estudo publicado na Scielo. Uma das formas promissoras de lidar com os desafios do TDAH ao longo da vida é a estimulação cognitiva – um conjunto de práticas que visa exercitar funções como memória, atenção, planejamento e flexibilidade mental. Essa prática tem ganhado destaque como uma estratégia eficaz para lidar com os desafios do transtorno ao longo de toda a vida.

De acordo com Erica Oliveira, gestora pedagógica e franqueada do Supera, na infância, período em que o cérebro está em rápida formação e plasticidade neural, a estimulação cognitiva funciona como um treino intensivo para circuitos cerebrais que apresentam funcionamento atípico no TDAH. Erica Oliveira diz ainda que, “programas de jogos estruturados, exercícios de atenção sustentada e atividades lúdicas, como os oferecidos pelo método Supera, contribuem para fortalecer as conexões entre o córtex pré-frontal (área ligada ao controle executivo) e outras regiões, como o córtex parietal e o sistema límbico”.

Clique aqui agora e receba todas as principais notícias do Diário de Curitiba no seu WhatsApp!

 

 

 

Para Erica Oliveira, “na adolescência, fase de grandes transformações no cérebro, a estimulação cognitiva ajuda a refinar as redes de atenção seletiva e inibitória. Isso ocorre porque o cérebro adolescente passa por um processo chamado ‘poda sináptica’, no qual conexões pouco usadas são eliminadas e as mais utilizadas são reforçadas”. Ela ressalta que “treinos cognitivos direcionados podem atuar como um ‘guia’, ajudando o cérebro a manter e fortalecer os circuitos mais adaptativos, promovendo maior organização mental e melhor gestão dos impulsos – habilidades frequentemente desafiadas no TDAH”, explica a gestora pedagógica.

Conforme Erica Oliveira, na vida adulta, quando o cérebro já alcançou maior estabilidade estrutural, a estimulação cognitiva se torna uma aliada na compensação das dificuldades persistentes do TDAH. “Nessa fase, as intervenções costumam focar no aprimoramento da memória operacional, da capacidade de planejamento e do foco atencional em tarefas prolongadas. Pesquisas indicam que adultos com TDAH que se engajam regularmente em treinamentos cognitivos apresentam melhor conectividade funcional entre regiões frontoparietais e maior ativação de áreas envolvidas no controle inibitório durante a realização de tarefas desafiadoras”, salienta.

Com a chegada da maturidade e do envelhecimento, período em que os sintomas de TDAH podem ser mascarados ou confundidos com o declínio cognitivo natural da idade, a estimulação cognitiva oferece um duplo benefício: além de mitigar os impactos do transtorno, atua na preservação da saúde cerebral frente ao envelhecimento. “Nessa etapa, exercícios para atenção dividida, memória e solução de problemas não apenas melhoram o desempenho nas tarefas do dia a dia, como também parecem retardar o aparecimento de dificuldades cognitivas mais amplas, segundo apontam estudos longitudinais”, comenta Erica Oliveira.

Sair da versão mobile