Chega às livrarias Educação da tristeza, novo livro do escritor Valter Hugo Mãe. A obra, ilustrada pelo próprio autor, propõe uma reflexão sobre a perda, o envelhecimento e a reconstrução pessoal diante da ausência. O lançamento marca o retorno do autor à Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), 14 anos após sua estreia no evento.
“A saudade cresce para ser uma festa em redor de quem amamos. Porque a dor tem de descer para serviços mínimos e nós temos de usar o que existiu como alegria repartida pela eternidade.”
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O livro é construído a partir de duas perdas centrais na vida do autor: a morte precoce do sobrinho Eduardo, que também inspirou o romance O filho de mil homens, e a morte da artista plástica Isabel Lhano, amiga de longa data e referência geracional. Recolhido em uma antiga casa em obras, o autor narra o processo de luto enquanto observa a própria transformação interior.
Educação da tristeza não se limita à temática do luto. A obra investiga os efeitos do tempo e da finitude, abordando também a chegada dos cinquenta anos, o medo da morte e a urgência de valorizar o presente.
Entre fragmentos de lembranças, cenas do cotidiano, observações e diálogos com os ausentes, o autor desenvolve uma narrativa que transita entre o concreto e o imaginado. O tom é confessional, mesclando poesia, epifania e crueza. As imagens do texto incluem o cheiro de café, o som de gatos vadios, o calor de uma lareira improvisada — elementos que evocam a intimidade de um tempo suspenso.
Entre cartas, sonhos e reflexões, o livro trata da tentativa de preservar a alegria em meio à dor. Educação da tristeza transforma a perda em linguagem e a saudade em permanência.
O lançamento ocorre em agosto, com a participação de Valter Hugo Mãe na FLIP, em mesa mediada por Walter Porto (Folha de S.Paulo), no dia 1º. A presença do autor também marca a celebração da adaptação audiovisual de O filho de mil homens, com apoio da Netflix. Após o evento, o livro terá sessão de autógrafos em São Paulo.
Sobre o autor:
Valter Hugo Mãe nasceu em Angola, em 1971, e é considerado um dos principais autores da literatura contemporânea em língua portuguesa. Além de romancista, também atua como poeta, artista visual e cantor. É autor de livros como O remorso de Baltazar Serapião, vencedor do Prêmio José Saramago, A máquina de fazer espanhóis, Homens imprudentemente poéticos e O filho de mil homens. Suas obras já foram traduzidas em mais de uma dezena de idiomas e fazem parte do catálogo da Globo Livros no Brasil.