Em um mercado, no qual o comportamento do consumidor tem se tornado cada vez mais exigente e cauteloso, o recente levantamento realizado pelo Instituto Ipsos mostrou que o índice de Confiança do Consumidor (ICC) registrou queda, ao anotar 48,6 pontos, o nível mais baixo desde 2022.
Em uma escala de 0 a 100, na qual pontuações abaixo de 50 indicam pessimismo, o escore demonstra a insatisfação do brasileiro quanto à situação econômica do país.
• Clique aqui agora e receba todas as principais notícias do Diário de Curitiba no seu WhatsApp!
Para Luiz Antonio Barbagallo, economista da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), “as principais razões estão no aumento das taxas de juros e na alta nos preços, com a inflação ultrapassando a meta do Banco Central. Sem dúvida, contribuindo para esta conjuntura”.
Ao considerar a atuação do Sistema de Consórcios frente a este cenário, as análises apresentam desempenhos gerais e setoriais bastante positivas, retratando a confiança e a credibilidade do segmento.
“Durante os 63 anos de história, o mecanismo enfrentou, como outros setores, altos e baixos na economia brasileira”, lembra Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC. Ao complementar, Rossi destaca que, “por ser um mecanismo de planejamento e não de consumo imediato, frequentemente seu desempenho tem surpreendido, indo no sentido inverso das previsões e expectativas do mercado”.
A constatação desta afirmativa está no futuro dos consumidores consorciados que ultrapassa a simples análise de indicadores conjunturais, e pode ser exemplificada por recente período da história econômica: o ápice da pandemia em 2020, quando, após queda expressiva nas vendas em maio daquele ano, o sistema apresentou crescimento significativo.
Verificou-se que, após a queda abrupta em março e abril daquele ano, as vendas iniciaram crescimento em ritmo acelerado, revelando que, apesar das incertezas daquele momento, o consumidor continuava acreditando e aderindo ao sistema. “Principalmente, sem desistir de seus sonhos e objetivos”, enfatiza Barbagallo.
“Mas, não é só isso. É possível ainda observar que as taxas de juros atingiram níveis muito baixos para os padrões brasileiros, com a Selic em 1,90%, de agosto a dezembro daquele ano. Paralelamente, as vendas atingiram patamares superiores e até maiores do que na pré-pandemia. Aliás, contrariando a velha tese de que com juros baixos as vendas de cotas caem”, especifica o economista.
Ao traçar um paralelo com os resultados de 2020 e considerando as atuais taxas de juros, agora em alta, e a confiança em baixa, o consórcio continua avançando, batendo recordes, também em níveis bastante superiores.
“O momento apenas comprova que o bom desempenho na venda de cotas independe das taxas de juros, porém uma pequena correlação de 26%, de acordo com nossos estudos com um período de 20 anos, mostra, ainda que pouca, alguma influência na comercialização de cotas. No gráfico, é verificável esse desempenho”, diz Barbagallo.
Ao longo dos últimos anos, o Sistema de Consórcios vem alcançando resultados elevados, especialmente em número de participantes ativos. De acordo com a ABAC, mês a mês, desde janeiro de 2022, têm ocorrido quebras consecutivas de recordes, com exceção de abril de 2023.
“O Índice de Confiança do Setor de Consórcios (ICSC), divulgado pela ABAC, que a exemplo do ICC também varia em uma escala de 0 a 100, nunca ficou abaixo dos 50 pontos. Aliás, nunca ficou abaixo dos 60 pontos, o que evidencia a total confiança dos empresários do setor”, aponta o economista.
Apoiado nos princípios da educação financeira, Rossi lembra que “em períodos de taxas de juros baixas ou elevadas, ou de falta de confiança do consumidor, a resiliência do consórcio o coloca e o mantém em posições elevadas, contribuindo cada vez mais para a realização dos sonhos dos consorciados e participando do crescimento da economia brasileira”.