O descasamento de mão de obra qualificada no Brasil pode trazer impactos econômicos significativos. O Panorama de Talentos em Tecnologia, um relatório lançado por iniciativa do Google for Startups, aborda a crescente carência de especialistas em tecnologia, bem como, as repercussões para empresas emergentes e para o alicerce econômico do país. Projeta-se que, até o final de 2025, haverá uma defasagem de 530 mil posições para profissionais no domínio da tecnologia da informação, o que sinaliza uma preocupação no que tange à competitividade brasileira e seu potencial inovador no cenário global.
Uma faceta fundamental reside na disparidade entre a demanda existente e geração prática de capacitados pelo ensino profissionalizante. Até 2025, as projeções indicam a abertura de 800 mil novas oportunidades de trabalho. No entanto, o sistema educacional tem formado anualmente apenas cerca de 53 mil especialistas nos últimos quatro anos. Essa disparidade acentua significativamente o descompasso entre a oferta e a demanda por profissionais qualificados no mercado.
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O estudo realizado pelo Google indica caminhos para superar os desafios atuais. As sugestões incluem ampliar o acesso às oportunidades no segmento tecnológico para toda a população; destinar verbas para programas de capacitação abrangentes; reformar e inovar na educação, introduzindo o raciocínio computacional desde as etapas iniciais do ensino primário. Adicionalmente, é fundamental criar um sistema de apoio sólido que conduza os jovens gradualmente até a conquista da primeira colocação profissional em TI.
No cenário corporativo, propõe-se redefinir a importância da tecnologia, proporcionar condições de trabalho equiparáveis às adotadas globalmente e cultivar um ambiente que atraia, desenvolva e retenha novos talentos. Tal abordagem transformaria a presente carência de talentos de modo promissor, convertendo-a em catalisador para inclusão e inovação, com melhorias significativas na produtividade em todo o âmbito econômico do país.
O êxodo de talentos: os motivos da emigração de especialistas em tecnologia do Brasil
A Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES), após um exame da questão no artigo Formação no Segmento de Tecnologia da Informação e Comunicação, Êxodo de Profissionais: Desafios e Perspectivas para o Avanço Tecnológico, enfatiza que a força motriz primordial por trás dessa “hemorragia de talentos” reside na crescente procura mundial por profissionais com alta qualificação.
Essa conjuntura é complementada por cenários de empregos mais vantajosos, um reconhecimento profissional ampliado, a procura por um padrão de vida mais elevado e a viabilidade de participação em projetos de pesquisa e desenvolvimento, sobretudo em países já consolidados.
Com o intuito de mitigar essa situação e converter a saída de profissionais em oportunidade de desenvolvimento econômico, a pesquisa elenca cinco fundamentos vitais para fixar os profissionais qualificados no país: formação de alta qualidade, aprimoramento profissional constante, compensação financeira competitiva, aprimoramento das condições de bem-estar e implementação de estratégias públicas eficientes.
Como a Pandemia de Covid-19 acelerou a procura por profissionais de tecnologia
O artigo do Banco Mundial Acelerado pela Covid e pela IA, cenário digital global segue desequilibrado indica que a pandemia de Covid-19 atuou como um catalisador para transformações digitais em âmbito mundial. Forçada pelo cenário de isolamento e pela necessidade de continuidade de operações à distância, a digitalização ganhou um impulso vertiginoso.
Os motivos dessa aceleração são associados à urgência imposta pela crise sanitária, em que organizações de todos os segmentos tiveram que rapidamente adaptar seus processos para o ambiente online, buscando eficiência, continuidade e sobrevivência.
Consequentemente, esta rápida virada para o ambiente virtual gerou uma demanda avassaladora por profissionais de TI. Houve uma busca incessante por peritos em domínios como o desenvolvimento de programas, segurança da informação, análise de dados e a infraestrutura de redes, com o propósito de construir, manter e aprimorar as plataformas que sustentam essa nova realidade.
Escassez de profissionais abre oportunidades de inserção profissional combatendo o desemprego estrutural
O estudo da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (BRASSCOM) Perspectivas do mercado de trabalho do Macrossetor TIC reconhece um descasamento de 30,2% entre a demanda e a disponibilidade de profissionais, mas apresenta um panorama altamente favorável para o setor em termos de criação de empregos e aumento de renda.
A BRASSCOM identificou 2,1 milhões de profissionais empregados na área e previu, para o intervalo de setembro de 2024 a dezembro de 2025, um incremento médio de 88 mil vagas com registro formal.
Essa projeção poderia atingir 147 mil novos postos na estimativa mais otimista, ou ficar em 30 mil oportunidades adicionais em uma análise conservadora. Foi também notado um avanço no número de ocupações informais entre 2022 e 2024, onde 18,2% foram de microempreendedores individuais (MEI) e 13,0% classificam-se como trabalhadores informais.
O futuro bate à porta: a urgência da requalificação do Brasil para a tecnologia
Eran Lasser, CEO da Startup Global Israelense Wawiwa Tech, que já requalificou mais de 50.000 profissionais para tecnologia, relata: “a pandemia de Covid-19 impulsionou o processo de digitalização e criou oportunidade para jovens ou profissionais que buscam uma nova etapa de carreira, onde os salários no segmento de tecnologia da informação superam até o dobro da média salarial, atraindo talentos que almejam uma recompensa financeira compatível com o impacto real que podem gerar”.
Diercio Ferreira, CEO da Techtalent Innovation School, ressalta: “O mundo tech exige uma capacitação ágil e focada nas necessidades reais do mercado. Nunca foi tão urgente e recompensador para a juventude adentrar o universo da tecnologia ou trabalhadores plenos e seniores apostarem na requalificação profissional para o setor tech que promete altos salários, estabilidade e a possibilidade de construir um futuro com liberdade, flexibilidade, propósito e impacto real no mundo”.