Diário de Curitiba

Entidades que lutam pelos direitos das pessoas LGBTI+ pedem averiguação das falas homofóbicas de Cássia Kis

Foto: Reprodução Instagram

A Aliança Nacional LGBTI+ e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas – ABRAFH acionaram o Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Racismo e Intolerância – GEACRI para que sejam averiguadas as falas homofóbicas da atriz Cássia Kis, 64 anos, realizadas em live no dia 21 de outubro de 2022.

O GEACRI foi escolhido por sua atuação especializada e de excelência na investigação deste tipo de crime, bem como porque as falas proferidas pela atriz atingem toda a população LGBTI+ brasileira.

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A coordenadora das áreas jurídicas das referidas associações, Amanda Souto Baliza, afirma que “As falas podem ser enquadradas na lei de racismo já que atingem toda a coletividade LGBTI+ de forma discriminatória a inferiorizando e criando pânico moral a partir de desinformação capaz de instigar a violência contra esta população já vulnerabilizada. Acompanharemos de perto as investigações e buscaremos a responsabilização da autora das falas”.

O Diretor Presidente das associações, Toni Reis, diz que “As falas da atriz Cássia Kis denotam ódio contra uma comunidade e em razão de sua influência é capaz de influenciar a violência, inclusive contra os mais jovens nas escolas. Há pesquisas que revelam que 73% sofrem lgbtifobia nas escolas e 60% se sentem inseguros nas escolas e 36% sofrem violência física. Há ainda pesquisas que revelam que esse tipo de pressão pode gerar ideação suicida. Assim, é fundamental que haja este processo educativo para que seja corrigida esta postura”, diz Reis.

As falas homofóbicas

A atriz Cassia Kis surpreendeu o público negativamente ao discursar em um tom tradicionalista e preconceituosa sobre as famílias brasileiras durante live com a jornalista Leda Nagle. A intérprete de Cidália, em Travessia, afirmou que as relações entre gays e lésbicas estão ‘destruindo as famílias’ por conta da ideologia de gênero.

‘Hoje, eu tenho um filho dentro da minha casa dentre os meus quatro, o Joaquim. Ele trabalha no centro Dom Bosco, que é uma escola com objetivo de construir homens de verdade… É o caminho certo, não tenho dúvida nenhuma. Diante de tantas ameaças sobre a família. A vontade que o mundo está de destruir a família’, discursou a veterana.

Na sequência, Cassia Kis afirmou, sem nenhuma prova, ter em mãos imagens de crianças do mesmo sexo se beijando nas escolas, em um espaço chamado ‘beijódromo’. A atriz também relata que as famílias tradicionais estão ameaçadas pela ideologia de gênero, supostamente ensinada nas escolas.

‘Não existe mais o homem e a mulher, mas a mulher com mulher e homem com homem, essa ideologia de gênero que já está nas escolas. Eu recebo as imagens inacreditáveis de crianças de 6, 7 anos se beijando. Duas meninas dentro de uma escola se beijando, onde há um espaço chamado beijódromo’, disse.

‘O que está por trás disso? Destruir a família. Destruir a vida humana? Porque onde eu saiba homem com homem não dá filho, mulher com mulher também não dá filho. Como a gente vai fazer?’, questionou a defensora de Jair Bolsonaro (PL).

Ainda no fim da transmissão, Cassia Kis reforçou o seu tom conservador ao afirmar que apenas a mulher tem a capacidade da reprodução biológica ensinada nas bíblias.

‘Se você tem um casal gay é uma coisa quando eles querem adotar uma criança, mas e quando não tiver mais [o desejo]? Afinal de contas, isso ainda é gerado dentro do útero de uma mulher. Aí, você precisa de um óvulo e espermatozoide, sim’, disse.

Globo se posiciona após repercussão

Globo se posicionou nesta quinta-feira (27) sobre os comentários homofóbicos feitos por Cassia Kis durante live com a jornalista Leda Nagle, na última sexta (21). 

Em nota, a emissora reiterou seus princípios:

“A Globo tem um firme compromisso com a diversidade e a inclusão e repudia qualquer forma de discriminação.”

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