Diário de Curitiba

Caso Silvio Almeida tende a influenciar as eleições para prefeitura

Foto: Divulgação/Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

Com o país dividido principalmente entre partidos e figuras associadas à esquerda e à direita, o Brasil enfrenta uma polarização política de forma crescente nos últimos anos.  Recentemente, Silvio Almeida foi demitido do cargo de ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania – agora ocupado pela Macaé Evaristo, professora, assistente social e política brasileira – após acusações de assédio por parte do ex-ministro. 

Dentre as vítimas está  Anielle Franco,  ministra da Igualdade Racial do Brasil. São dois embates dos principais ministérios e apoiados pela mesma ideologia: a de esquerda. Num embate que envolve situações delicadas, o tema pode ser utilizado de uma forma tangencial nas eleições para prefeituras. 

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O episódio tomou conta das redes sociais. O ex-presidente Jair Bolsonaro aproveitou o caso para chamar Almeida de “taradão da Esplanada” e também utilizou como munição de ataque a esquerda e seu maior adversário, Lula. Outros da direita, como Nikolas Ferreira do PL-MG, chegou a apontar diretamente para esquerda, com termos como hipocrisia e lacração. 

De acordo com o professor de Geopolítica do Laboratório de Pesquisa em Relações Internacionais da FACAMP, James Onnig,  o assunto não é um problema que possa interferir e definir as eleições para a prefeitura dos estados brasileiros, mas pode ser assunto comentado em debates futuros. 

“Obviamente muitos candidatos vão citar o ocorrido, mas isso não define em relação à política urbana. Acredito que faria pouco os eleitores mudarem de posição por causa deste tema, que é importante sim, mas é um tema tangencial à eleição municipal”, comenta o professor. 

Onnig, também cita a lição que o governo aprende para evitar que casos como esses voltem a acontecer. “O caminho é trabalhar com muita transparência, fazendo a população entender que as medidas já foram tomadas, como afastamento e a demissão, neste caso, do ex-ministro dos Direitos Humanos, e com todo apoio às pessoas que sofreram este tipo de assédio”, comenta o professor de geopolítica. 

Negando as acusações, a polícia federal enviou ao Supremo a apuração de denúncias de assédio. 

Governo peca pela demora e pela condução 

Para o Diário de Curitiba, Jussara Cardoso, Cientista Política, explica o que difere a condução de Lula em relação ao governo Bolsonaro sobre o caso do ex-presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães. O dois casos tem em comum denúncias de assédio sexual. 

Para a cientista política, as denúncias de ambos os casos chegaram ao conhecimento do governo antes da imprensa e a escolha por esperar foi estratégia de ambos. Lula disse após as denúncias virem a público que o assédio é inadmissível. 

“O que diferencia ambos os casos é o discurso. Um mais polido que o outro. Se a diferença é propriamente discursiva e não de ação, ambos os governos seguiram a cartilha machista/masculinistas. Silenciar,  desacreditar, publicar uma nota de repúdio, dizer que haverá investigação, e que fará um programa de prevenção”, comenta a especialista.

Lula teve procedimento parecido com  Jair Bolsonaro, oferecendo ao acusado a possibilidade de se demitir do cargo. Para Cardoso isso é É só “camaradagem masculina” pois o gênero normalmente não se confronta quando o assunto é violência de gênero.

“Eles se encontram, apertam as mãos, se olham, e dizem “é, fedeu pro teu lado, boa sorte”, tapinhas nas costas e vida que segue, Da direita para a esquerda, todos seguem de mãos dadas para a manutenção da subalternidade feminina. Porque se beneficiam dela. Ambos reconhecem a importância das mulheres na sociedade, desde que seu papel seja de maternagem deles”, finaliza Cardoso.

O caso da ministra Anielle Franco, foi o que mais teve peso e senso de urgência na finalização do ocorrido. Fora Anielle,há cerca de 52 pessoas demitidas em um ano, no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, dessas 31 pediram demissão por ambiente hostil e com denúncias de assédio moral. Dez pessoas abriram denúncias formais e sete foram descredibilizadas.

Anielle buscou ajuda de uma ONG especializada em acolher vítimas de assédio com medo de levar à justiça e comprometer o governo Lula.

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