Ícone do site Diário de Curitiba

Jaques Wagner diz a Lula que presidente não deveria ter comparado guerra em Gaza com o holocausto

Senador e líder do governo no Senado relatou que conversou sobre o tema com Lula na segunda-feira. Fala do presidente gerou indignação no governo de Israel, que pediu retratação. Mauro Vieira chama manifestações israelenses de ‘inaceitáveis e mentirosas’

O senador e líder do governo no Senado, Jaques Wagner (BA), relatou nesta terça-feira (20) uma conversa que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Wagner disse ao presidente que ele não deveria ter comparado a guerra na Faixa de Gaza com o holocausto.

Clique aqui agora e receba todas as principais notícias do Diário de Curitiba no seu WhatsApp!

 

 

 

Wagner é amigo de Lula e um dos aliados mais próximos do presidente. Ele também tem ascendentes judeus.

No fim de semana, em viagem oficial à Etiópia, Lula criticou a ação de Israel e os bombardeios em Gaza.

Ele comparou a ação israelense ao extermínio de milhões de judeus pelos nazistas chefiados por Adolf Hitler no século passado. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula.

A fala do presidente gerou forte reação do governo israelense, que pediu para Lula se retratar.

Wagner falou sobre o tema na abertura da sessão do Senado nesta terça. Isso porque a declaração de Lula repercutiu também no Congresso.

“Sou amigo do presidente Lula há 45 anos e tive a naturalidade ontem [segunda-feira] de visitá-lo e dizer: ‘Não tiro uma palavra do que vossa excelência disse, a não ser o final, que, na minha opinião, não se traz à baila o episódio do holocausto para nenhuma comparação, porque fere sentimentos, inclusive meus, de familiares perdidos naquele episódio'”, relatou o senador.

Ministro critica reação de Israel

Mais cedo nesta terça, o chanceler israelense, Israel Katz, divulgou texto no qual afirmou que “milhões de judeus em todo o mundo estão à espera do seu [de Lula] pedido de desculpas. Como ousa comparar Israel a Hitler?”

“Que vergonha. Sua comparação é promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros. Ainda não é tarde para aprender História e pedir desculpas. Até então – continuará sendo persona non grata em Israel!”, continuou Katz.

Também nesta terça, uma conta ligada ao governo de Israel em uma rede social afirmou, em inglês, que Lula “nega o holocausto”, o que o governo brasileiro refutou veementemente.

Em declarações divulgadas pelo Itamaraty, dadas a duas agências de notícias internacionais (Reuters e Bloomberg), Mauro Vieira repudiou as falas das autoridades israelenses.

“Uma chancelaria dirigir-se dessa forma a um chefe de Estado, de um país amigo, o presidente Lula, é algo insólito e revoltante. Uma chancelaria recorrer sistematicamente à distorção de declarações e a mentiras é ofensivo e grave. É uma vergonhosa página da história da diplomacia de Israel, com recurso à linguagem chula e irresponsável”, afirmou Vieira.

“Em mais de 50 anos de carreira, nunca vi algo assim”, completou.

O ministro disse ainda que “Katz distorce posições do Brasil para tentar tirar proveito em política doméstica”.

Sair da versão mobile