O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de Curitiba em 2024, realizado pela Band Paraná, foi marcado tanto pela busca de soluções para problemas locais quanto por episódios que evidenciaram as contradições e tensões entre os postulantes. O evento contou com a presença de oito candidatos, mas ficou notório não só pela troca de propostas, mas também pela exclusão de uma candidata e as críticas pontuais dirigidas a alguns dos principais participantes.
Um dos pontos mais discutidos, e que poderia ter gerado maior repercussão, era a expectativa de um embate mais acirrado entre os campos da direita e da esquerda, principalmente com ataques ao atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD). Contudo, a nacionalização do debate, que colocaria frente a frente os legados de Lula e Bolsonaro, não se concretizou. Ao invés disso, o foco recaiu sobre temas essenciais para a vida da cidade, como saúde, educação, transporte público e segurança.
• Clique aqui agora e receba todas as principais notícias do Diário de Curitiba no seu WhatsApp!
O protagonismo da saúde no debate, repetido por diversos candidatos, não é surpreendente. Curitiba, como outras grandes cidades, enfrenta desafios significativos nesse setor. Eduardo Pimentel, que representa a continuidade da gestão atual, optou por defender a administração de Rafael Greca (PSD), destacando os feitos na área da saúde e no transporte público. Sua postura foi de manter uma linha de defesa contínua, contrastando com os ataques de adversários que apontavam falhas nas mesmas áreas.
Um momento de destaque foi a troca entre Roberto Requião (Mobiliza) e Luciano Ducci (PSB). Requião, conhecido por sua postura crítica e incisiva, questionou a coerência de Ducci, sugerindo uma mudança de postura política ao apoiar o ex-presidente Bolsonaro e, agora, aliar-se à esquerda. A réplica de Ducci, que afirmou estar confortável em sua nova coligação e que receberá apoio de Lula, provocou um misto de surpresa e incredulidade por parte de Requião. O ex-governador classificou essa mudança como “a mercantilização da política”, trazendo à tona a questão da coerência política, um tema sensível e relevante em qualquer eleição.
Além das discussões políticas, o debate teve uma reviravolta de última hora com o desconvite de Cristina Graeml (PMB), que levantou questionamentos sobre os critérios de inclusão e exclusão de candidatos nos debates. A justificativa da Band, que apontou a polêmica entre a Executiva Nacional do PMB e o diretório local, bem como a representatividade do partido, acendeu um alerta sobre a imparcialidade no processo eleitoral e sobre como essas decisões podem influenciar a percepção pública dos candidatos.
O formato do debate, que permitiu que os candidatos escolhessem a quem direcionar perguntas, também evidenciou a marginalização de Samuel de Mattos (PSTU), que foi praticamente ignorado pelos adversários, um reflexo do peso desigual de cada candidatura. Essa estratégia dos candidatos mais fortes de ignorar os menos expressivos pode ser vista como uma tática para evitar desgaste e focar em confrontos que tragam maior retorno eleitoral.
O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de Curitiba foi uma amostra inicial do que podemos esperar dessa corrida eleitoral: discussões centradas em problemas locais, algumas contradições expostas, e uma disputa que, embora tenha evitado polarizações nacionais, não deixou de esquentar em momentos cruciais. O cenário para as próximas semanas indica que temas como saúde, transporte público, e a coerência das alianças políticas serão fundamentais para definir o rumo da campanha.