Cerca de 300 famílias que moravam na ocupação Nova Guaporé, na divisa entre Curitiba e Araucária, foram despejadas por ordem judicial de reintegração de posse, na manhã desta quinta-feira (17), e em meio a pandemia do novo coronavírus e bem perto do natal ficaram desabrigadas.
Logo nas primeiras horas da manhã o oficial de Justiça presente no local deu prazo de uma hora para que as famílias recolhessem seus pertences e saíssem do terreno que é particular. Segundo informações do Brasil de Fato, não houve uma notificação prévia sobre o despejo.
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As famílias foram retiradas da Cidade Industrial sob escolta policial, que contou com o suporte de carros da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Segundo a PM, a ação foi pacífica e não houve feridos durante o cumprimento da reintegração de posse.
Após a retirada dos moradores máquinas entraram na ocupação e destruíram vários barracos que serviam como abrigo. Uma moradora foi socorrida por uma ambulância após passar mal durante a ação da polícia.
O local foi ocupado ao longo de 2020. Moradores informaram que passaram a morar no local porque não tinham condições de pagar aluguéis durante a pandemia.
Os moradores dizem que não têm para onde ir e pedem uma negociação com a Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab).
A Defensoria Pública do Estado do Paraná disse que está dando assistência jurídica às famílias, e lamentou que ordens de reintegração de posse estejam sendo cumpridas sem nenhuma previsão de realocação das famílias despejadas.
O que dizem os órgãos oficiais
Fundação de Ação Social (FAS), de Curitiba, informou que todas famílias foram encaminhadas para inscrição no Cadastro Único e para atendimento a outras necessidades no Centro de Referência de Assistência Social de Curitiba (Cras).
Grande parte das famílias já é acompanhada pela FAS. Ainda segundo a fundação, seis famílias decidiram voltar para casa, mas informaram que precisavam de alimentos. Para estas famílias a FAS disse que vai liberar crédito de R$ 70 para compras nos Armazéns da Família.
A FAS informou que foi articulada uma reunião entre os representantes das famílias e a Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab), e que o serviço de Assistência Social e o Conselho Tutelar de Araucária também fizeram os mesmos encaminhamentos para atendimento no outro município.
A Prefeitura de Araucária informou que o processo de reintegração ocorreu via Fórum de Araucária e, com a decisão, a Justiça solicitou que uma equipe da Secretaria de Assistência Social acompanhasse a ação.
“É importante esclarecer que o terreno está oficialmente localizado na área de abrangência de Curitiba. A equipe de Assistência Social de Araucária compareceu e iniciou as ações para identificar pessoas em situação de desabrigo (principalmente crianças, idosos e pessoas com deficiência)”.
Segundo o município, no caso do terreno em questão, a territorialidade é de responsabilidade da equipe do CREAS/CIC, em Curitiba, que também esteve no local e assumiu a continuidade dos trabalhos de atendimento.