O que diz especialista e paciente
Há dias venho lendo matérias, conteúdos e críticas, inúmeras críticas, sobre procedimentos estéticos e, em especial, a harmonização facial.
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Exemplo disso é uma matéria da Vogue, intitulada ‘Da harmonização à desarmonização facial: como caímos nessa cilada?’, criticando duramente o procedimento. Que o mercado da beleza fatura bilhões anualmente, já sabemos. As buscas pelo termo na internet são prova disso. Só neste ano de 2020 cresceu 540% a pesquisa no Google sobre harmonização facial. E que mal afinal de contas tem em querer se sentir melhor consigo mesmo?
Claro que também sou contra os excessos e os apelos, principalmente midiáticos, por uma imagem padronizada, onde o “belo”, o “perfeito” se resume em um único padrão. Agora corrigir pequenas imperfeições e buscar aquilo que te faz um afago no ego, não acho exagero. Não podemos ser hipócritas ao ponto de dizer que somente agora no século XXI é que as coisas são como são. Desde que o mundo é mundo as pessoas buscam evoluir, melhorar, e também, buscam um ideal de beleza, variando sempre de cultura para cultura. Listei alguns exemplos de antigos padrões de beleza que as mulheres buscavam alcançar.
Século XVII, na Inglaterra um remédio a base de chumbo e vinagre estava na moda. Usado para branquear a pele, era sucesso entre as mulheres da época. Com o tempo deixava a pele amarelada. A rainha Isabel I era fanática por cosméticos e entrou para a história como a ‘máscara da juventude’.
Na era Vitoriana, a Rainha Vitória decidiu proibir o uso de cosméticos. Mesmo assim, as mulheres encontravam uma saída. Na falta de blush ou batom elas beliscavam as bochechas e mordiam os lábios para que ficassem rosados. Quem nunca?
No século XIX a moda era ingerir arsênio para dar um aspecto mais bonito ao rosto com mais brilho nos olhos e arredondando o corpo. Claro que com o tempo, acumulado nas glândulas tireoides, o efeito era devastador, provocando bócio e até a morte.
No século XX as covinhas é que estavam em alta. Em 1923 um dispositivo foi patenteado para criar as tais covinhas. Feito para colocar no rosto, atrás das orelhas e no queixo, duas partes pressionavam muito forte as bochechas. Mesmo com muito dor, após um tempo de uso as covinhas apareciam. Ou seja, será mesmo que a harmonização facial é o apocalipse do universo da beleza?
Como dito anteriormente, não vim defender nem criticar, apenas questionar o porquê demonizar tanto os procedimentos. Talvez quem critica faz mais mal a quem as recebe, do que qualquer risco ou dano que possa vir a ter a longo prazo pelo procedimento estético realizado.
Os famosos são os maiores alvos dos julgamentos, os que sofrem os maiores ataques. Gretchen, 61 anos, é uma das mais recentes vítimas de ataques de haters. Ao postar uma foto mostrando sua recente harmonização facial, recebeu chuvas de críticas na qual rebateu à altura: “Tiveram comentários ridículos sobre minha manutenção de harmonização. Sabe o que acontece? Estou bloqueando geral quem falar merda [sic]. Toda manutenção tem seu tempo de recuperação. E quem não entende isso, tem que ser bloqueado. Está inchado porque acabei de fazer. Favor conferir resultado”.
A rainha do rebolado, como é conhecida, complementou ainda no twitter: “Daqui uma semana quero ver esse povinho recalcado voltando aqui com outra conta pra dizer: NOSSA QUE LINDA. VC TÁ UM ARRASO. SEM DEFEITOS. ME AGUARDE. O inchaço só demora uma semana. Aiiiii. Ahhhh aiii sou eu que vou sapatear nas postagens. Sem preocupações com opiniões idiotas” [sic].
Fato é que o ditado “O que é de gosto regala a vida” cabe bem nesses casos. Cada um é cada um, e sabe o que lhe faz bem, ou, pelo menos, deveriam saber.
Eu conversei com a Dra. Maria Eduarda Battistotti, 27 anos, formada em odontologia e especialista em estética orofacial, com mais de 20 cursos na área de harmonização, para entender de perto essa realidade. Ela conta que os procedimentos mais procurados são, entre eles, a aplicação de toxina botulínica, o famoso “botox” para suavizar as linhas de expressão, o preenchimento labial para volumização e forma dos lábios e o preenchimento de “bigode chinês”. Além desses, ainda opera bastante com bichectomia, técnica que consiste na remoção das bolas de Bichat, estruturas de tecido gorduroso que ficam abaixo das maçãs do rosto, com a finalidade de dar o aspecto mais simétrico, além de mais magro e fino e com a lipo de papada que consiste na aspiração da gordura localizada sob o queixo, a mandíbula e na porção superior do pescoço.
Com público em sua maioria feminino, a doutora conta que não existe uma faixa etária específica, ela atende pacientes de todas as idades. “Hoje em dia todos querem de alguma forma melhorar a estética facial”, relata.
Sobre vantagens e possíveis desvantagens, Dra. Maria Eduarda fala que a principal vantagem seria a autoestima. “Quem faz um procedimento estético, qualquer que seja vai se sentir muito bem após. Além da autoestima, existem procedimentos que melhoram a qualidade da nossa pele, dão forma e contorno no rosto, entrega volume em regiões onde perdemos estruturas e também removemos gorduras indesejadas. Acredito muito que na harmonização existem muito mais vantagens do que desvantagens”, declara.
Mas alerta que todo procedimento pode apresentar algum risco, uns mais do que outros, mas que quando o procedimento é feito por um profissional capacitado os riscos diminuem muito. Ela conta que já recusou dar atendimento a clientes que estavam fora da recomendação clínica. “Um exemplo seria, o paciente que chega ao consultório mostrando foto de lábios de famosas e pedindo que fique igual, mas infelizmente a anatomia de cada um é diferente, então não conseguimos deixar igual”, explica. “Temos sempre que conscientizar o paciente de que um caso é diferente do outro. Procurando sempre o melhor resultado clínico individual para cada paciente, respeitando os protocolos clínicos”, complementa.
A reportagem também procurou por uma paciente da clínica, para entender o quê a levou a buscar o tratamento estético. Mariana Caciola, 34 anos, agente de crédito e publicitária, revela que já realizou alguns procedimentos, como botox, microagulhamento, bichectomia e a mais recente, lipo de papada. Conta que é motivada pela estética, a vaidade e, principalmente, a autoestima. Disse que os tratamentos são praticamente indolores. “Nada é muito invasivo, o que me incomodou um pouco foi o microagulhamento, mas foi algo bem leve. O botox não doeu nada. Nem a bichectomia”, declarou.
Ela considera um ótimo investimento pessoal e diz que a preparação é o mais importante. “No dia da lipo de papada é feita assepsia (limpeza) no local onde será injetado as enzimas, não havendo corte. Já para a bichectomia fiz exames de sangue e coagulação sanguínea”, conta.
Satisfeita com os resultados ela acrescenta que vai refazer alguns procedimentos em breve como o botox e microagulhamento e que ainda quer fazer novos, como a colocação de fios de sustentação no rosto, técnica para tratamento da flacidez cutânea, que tem a função de tracionar e levantar a pele, além de estimular a formação do colágeno.
Para quem tem vontade de realizar alguns desses e ainda não se encorajou, Mariana deixa uma mensagem de incentivo: “Faça! Você vai se olhar de uma maneira totalmente diferente. É um auto cuidado, uma manutenção na autoestima. É acreditar que com o passar do tempo, você pode melhorar cada dia mais”, conclui.
Para encerrar essa minha versão de discutir o outro lado da moeda, deixo claro que não apoio nem desaprovo qualquer decisão individual. Como já dito, cabe a cada indivíduo decidir o que é melhor para si. Claro, sempre procurando o melhor caminho, como disse a doutora, um profissional capacitado. Não procure preço, procure qualidade. Quanto aos comentários maldosos que possam surgir, tenho certeza que como a Gretchen todos podem se defender. E concordo, concordo plenamente com ela. Ela tá feliz? tá realizada? Sim! Então ponto e basta.