Por Camilla Gonda
A pergunta não se refere apenas a agressões físicas, mas sim a todas as vezes que foi diminuída, xingada e ameaçada por um homem. Uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão apontou que 40% das mulheres dizem que já foram xingadas ou ouviram gritos no ambiente de trabalho. Já, no que tange a violência na internet, essa cresceu 21,27% em abril de 2020 segundo dados da ONU.
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Isso sem contar a violência política de gênero cada vez mais escancarada. Começo citando a morte de Marielle Franco, depois o assédio sofrido por Isa Penna na ALESP, passo para as ameaças de estupro contra a filha da Manuela Dávila de apenas cinco anos, termino com a vereadora Duda Salabert relatando ameaças de morte.
Ainda posso ir para o universo artístico e pontuar os ataques sofridos por Camila Cabello, cantora internacional, após ter fotos suas de biquini sendo postadas na internet. Os ataques se referiam ao corpo dela “fora dos padrões”. Mas por que as mulheres incomodam tanto?
Eu começo a pensar que é simplesmente por sermos mulheres, por estarmos inseridas em uma sociedade que possui raízes machistas e não consegue evoluir. Acontece que, independentemente da posição que você esteja, você será criticada.
Se trabalha em uma empresa sofrerá preconceito dentro dela e por estar trabalhando enquanto “deveria” cuidar do seu filho, se não trabalha e cuida do seu filho receberá ataques por não trabalhar, se resolver postar as suas opiniões, se destacar no meio político será reprimida pelo que pensa, se não se posicionar, será chamada de omissa, mas a única certeza é de que sempre seremos atacadas pelas nossas escolhas.
Algumas pessoas ficam chocadas quando digo que recebo fotos sem camisa de homens no meu celular profissional simplesmente porque ele é público, mas o assédio contra as mulheres, a violência, seja ela psicológica ou física, é presente no dia a dia feminino. Mas não se assustem, mulheres. Não acreditem que sentei para escrever esse pequeno artigo com a finalidade de assustá-las sobre a vida, mas sim, com a finalidade de reforçar a nossa luta. Quanto mais ocuparmos espaços com ideias, abraçarmos umas às outras, reforçarmos a nossa voz e votarmos em mulheres para que ocupemos também a política, mais contribuiremos com a luta. Não é sobre se calar, mas sim sobre denunciar possuindo apoio.