
Na tarde da última segunda-feira (30) entidades ligadas ao Movimento Negro, movimentos sociais, sindicatos e mandatos políticos entregaram uma Carta Aberta ao secretário da Defesa Social e Trânsito de Curitiba, Péricles de Matos, em defesa da vida e da segurança do vereador Renato Freitas, e contra a violência praticada contra a população negra na cidade.
Além de prestar solidariedade ao vereador e demonstrar preocupação com sua integridade física por conta dos últimos casos de violência policial sofridos, o documento, endereçado ao prefeito Rafael Greca, pede que sejam tomadas providências urgentes pela Prefeitura para “fazer cessar a violência racial que impregnou a Guarda Municipal de Curitiba”. A Carta também recomenda que, no processo de formação dos guardas, seja incluído o estudo de relações raciais, fomentando a “tomada de consciência” por parte da corporação.
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A iniciativa teve início após a segunda prisão do vereador Renato Freitas, em menos de dois meses, por forças de segurança em Curitiba. No último dia 23 de julho, na praça Rui Barbosa, Renato fazia convocação para um ato contra o governo Bolsonaro e foi algemado, preso e levado à força pela Guarda Municipal.
“Nos últimos dias, o povo negro brasileiro, estarrecido, tomou conhecimento do ato da prisão do vereador Renato Freitas. As imagens, daquele corpo negro assujeitado por agentes da Guarda Municipal de Curitiba, correram o Brasil. O agravante é a reincidência do ato num curto espaço de poucas semanas (…). Desde então, temos recebido questionamentos provenientes de vários Estados, movimentos negros, pessoas antirracistas, além de vários segmentos da sociedade civil organizada, os quais querem saber o que está acontecendo nesta cidade.”
“Num país onde se realiza o genocídio do povo negro, e quando ouvimos do agente de segurança: ‘ainda está respirando’, somos levados a indagar: a perseguição ao vereador Renato Freitas seria o andamento da “crônica de uma morte anunciada?” E repetimos em alto e bom tom: tudo leva a crer que está se buscando o silenciamento definitivo do citado vereador, inclusive pela supressão de sua vida. Se o senhor não tomar providências urgentes, o que estamos alertando acabará por acontecer”, são alguns dos trechos da Carta Aberta.
Estavam presentes no ato de entrega do documento a vereadora professora Josete, que solicitou a agenda com o secretário, além de lideranças de movimentos, como a Associação Cultural de Negritude e Ação Popular, Casa da Resistência de Curitiba, Liga Brasileira de Lésbicas e do Setorial de Combate ao Racismo do PT/Paraná.
Ao final da reunião, após a entrega da Carta e da troca de relatos, a Secretaria firmou compromisso de passar a realizar encontros periódicos com representantes dos movimentos sociais e a equipe da Guarda.