Bolsonaro fez, nesta terça-feira, 7 de setembro, mais dois discursos de forte inspiração golpista. Ele já havia feito vários desse tipo, mas esses, feitos durante protestos antidemocráticos organizados por ele e seus aliados, primeiramente em Brasília, pela manhã, e a tarde em São Paulo, diante de milhares de apoiadores, parece que renderá consequências.
Tudo indica que agora ele enfrentará reações de quem não estava reagindo. O PSD de Kassab, por exemplo, vai instaurar uma comissão para analisar o pedido de impeachment contra o presidente Bolsonaro.
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No MDB, o movimento é de possível debandada. As lideranças do partido defendem que os lideres de governo, lideres do senado, caiam fora, senão a mensagem que ficará é de que o partido compactua com essa aventura autoritária e antidemocrática.
O PSDB também anunciou que fará uma reunião amanhã (quarta-feira 08) para decidir se apoiará um pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro.
Então, o primeiro efeito colateral do discurso golpista do presidente foi aumentar as fileiras de quem antes não queria apoiar um processo de impeachment, porque analisavam que ele poderia fortalecer um discurso de vítima, uma vitimização do “coitadinho” do presidente, agora sinalizam que podem subir na canoa do impeachment, por que agora acham e avaliam que Bolsonaro não vai parar.
É uma avaliação correta. Bolsonaro foi desta vez para o tudo ou nada. E por que ele foi para o tudo ou nada? Porque o governo dele acabou. Ele pode até cantar de galo até o fim do mandato. Pode se candidatar e até ganhar as próximas eleições. Mas esse governo dele, que se encerra em 2022, acabou.
Acabou porque Bolsonaro é incompetente. Acabou porque seu governo não tem nenhuma capacidade gerencial sobre os problemas do país. Acabou porque a economia está se esfarelando e sua equipe econômica é totalmente incapaz de dar uma resposta que resolvam os problemas dos brasileiros.
O presidente levou milhares de pessoas às ruas para apoiar suas pautas antidemocráticas bizarras. Fez várias ameaças golpistas contra o STF (Supremo Tribunal Federal), exortou desobediência a decisões da Justiça, pediu novamente o voto impresso e disse que só sairá morto da Presidência.
Em que mundo essas são as reais preocupações do povo Brasileiro? Um país que empilhou mortos vítimas da Covid-19 e da negligência do governo. Um país que tem mais de 14 milhões de desempregados. Um país que tem mais de 27 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza. Um país com mais de 19 milhões de pessoas em situação de fome.
O Brasil que passa fome não tá nem aí para os delírios golpistas do presidente. O Brasil que passa fome, que tá desempregado, não estava lá em Brasília, não estava na Avenida Paulista. O Brasil que está abaixo da linha da pobreza, e nem sabe como irá cozinhar o feijão amanhã não está nem pensando em Barroso, Fux, Alexandre de Moraes e STF. O Brasileiro está preocupado com a vida real, e o presidente mostrou, mais uma vez, que ele está totalmente desconectado com a realidade do Brasileiro.