O vereador Renato Freitas, do PT, liderou uma ação antirracismo dentro da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Curitiba, no sábado (5/2). Dezenas de pessoas, com bandeiras do PT e do PCB, entraram no templo e começaram a gritar palavras como “racistas” e “fascistas”.
O ato, que foi feito em protesto pelo assassinato do congolês Moïse Kabagambe no Rio de Janeiro, começou em torno das 17 horas e, de acordo com os manifestantes, um pouco depois do início, o padre da Igreja teria começado a empurrar os manifestantes que estavam na escadaria da igreja.
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Neste momento, as pessoas presentes começaram a gritar ‘racista’ para o padre, que fez sinal de positivo com as mãos. Os manifestantes ocuparam a igreja em forma de protesto. Conforme declarações de presentes, o vereador do PT Renato Freitas, teria coordenado a ocupação da Igreja.
A presença do grupo na Igreja de Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi gravada, e o vídeo repercutiu nas redes sociais.
Assista ao vídeo
O padre Luiz Haas, de 74 anos, disse que celebrava uma missa no momento em que o grupo entrou no local e que teve que encerrar a celebração.
“Uma situação insuportável, barulho muito grande, pedimos que abaixassem o som lá fora, saíssem da escadaria. Mas começaram a dizer que era igreja dos negros. Suspendi a missa, porque não tinha como, não era horário para fazer o protesto”, afirmou o padre.
De acordo com o sacerdote, os manifestantes ficaram por cerca de 20 minutos na igreja, com muitos gritos, mas não quebraram nada do local.
Nesta segunda-feira (7), a Arquidiocese de Curitiba se manifestou sobre o caso, repudiou o acontecido e disse que na ação do grupo houve “agressividades e ofensas”. De acordo com a arquidiocese, a ação tratou-se de profanação injuriosa, e a “lei e a livre cidadania foram agredidas”.
Já o vereador Renato Freitas encaminhou a seguinte nota ao Diário de Curitiba:
Nota de esclarecimento sobre o ato por Justiça para Moïse e Durval
Na tarde do último sábado (5), nos reunimos no Largo da Ordem, em frente a Igreja de Nossa Senhora do Rosário de São Benedito, em um ato organizado pelo Coletivo Núcleo Periférico, contra o racismo, a xenofobia e pela valorização da vida.
O local do ato foi escolhido pela relação histórica do local com a população negra curitibana. A Igreja, inaugurada em 1737, foi construída por e para pessoas escravizadas, uma vez que negros e negras não poderiam entrar em outras igrejas de nossa cidade.
A manifestação foi realizada em memória e por justiça para Moïse Kabagambe (24) e Durval Teófilo Filho (38), dois homens negros brutalmente assassinados nos últimos dias. O ato contou com a participação de representantes do movimento negro, movimento de mulheres e diversos imigrantes que residem em Curitiba e relataram violências racistas nesta cidade.
Durante o ato, um diácono responsável pela igreja, solicitou que os manifestantes fossem para outro local, sob a justificativa de que o ato não deveria coincidir com a saída dos religiosos da missa que havia se encerrado.
Como parte simbólica da manifestação, entramos juntos na Igreja que estava vazia, de forma pacífica, relembrando que nenhum preceito religioso supera o amor e a valorização da vida.
Pacificamente, assim como entramos na igreja, saímos e seguimos com a manifestação, reivindicando políticas públicas para imigrantes e de combate ao racismo na cidade.
Nos surpreende perceber que exaltar o amor e a valorização da vida em uma igreja causa mais indignação mais que o assassinato brutal de dois seres humanos negros no Brasil.
Mandato do Vereador Renato Freitas (PT)