
Uma mulher foi presa em flagrante após fazer ofensas racistas contra um segurança negro da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), na tarde desta quinta-feira (8).
A ocorrência foi atendida inicialmente pela Guarda Municipal, que ouviu a mulher e a encaminhou para Central de Flagrantes. A PC-PR afirmou que o caso será investigado. A suspeita não teve o nome divulgado. Mas de acordo com a apuração do Diário de Curitiba ela se chama Anoema Lopes Santana, 69 anos, que já foi candidata a vereadora de Curitiba pelo partido Democracia Cristã (DC) com o nome de urna “Anoema da Saúde”.
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A Câmara de Vereadores afirmou que a suspeita estava na Casa de Leis para participar de uma audiência pública. As ofensas ocorreram, de acordo com a instituição, após a mulher solicitar um copo de água e ser atendida pelo funcionário, que é terceirizado.
O teor das ofensas não foi divulgado, mas a câmara afirmou que a mulher fez comentários preconceituosos e de cunho racial de maneira sequencial, só interrompendo as ofensas após a chegada de outro visitante.
A CMC informou, ainda, que o segurança foi levado à delegacia para registrar boletim de ocorrência, acompanhado de um procurador jurídico da casa. A instituição disse que o homem receberá “apoio institucional da Câmara de Curitiba durante todo o desenvolvimento do caso”.
Em nota, a Câmara de Vereadores repudiou o caso. Confira na íntegra:
Nota Oficial Câmara Municipal de Curitiba
A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) confirma que, na tarde desta quinta-feira (8), registrou uma situação de injúria racial nas suas dependências e que o caso foi reportado à Polícia Civil para averiguação e possível enquadramento como racismo. A vítima, um funcionário terceirizado da Casa, foi registrar o boletim de ocorrência acompanhada de um procurador jurídico da CMC, que é membro da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR). Ele receberá todo o apoio institucional da Câmara de Curitiba durante todo o desenvolvimento do caso.
A CMC reafirma que repudia o racismo ou qualquer outro tipo de discriminação em todas as suas formas. Esperamos que este caso tenha um encaminhamento exemplar, para que situações deste tipo cessem de acontecer. A CMC também reafirma o apoio da instituição aos seus funcionários terceirizados, em especial à equipe de vigilância patrimonial, para que se sintam amparados para denunciar casos de racismo e quaisquer tipos de discriminação.
Vereadores também repudiam o caso
Vários vereadores repudiaram o caso, que foi classificado pela maioria deles como “agressão criminosa”. O vereador Márcio Barros, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal, disse em nota que o caso não pode passar impune. “Uma senhora agrediu verbalmente um funcionário da Casa, de forma totalmente racista e com palavras criminosas. Toda nossa solidariedade ao funcionário […] mais um caso de racismo que não pode ficar impune”, escreveu.
Carol Dartora, a primeira mulher negra eleita vereadora na capital do Paraná, também comentou o ocorrido em suas redes sociais. “Também nos solidarizamos com o segurança vítima dessa violência e todos os demais servidores da Câmara Municipal”. A vereadora afirmou que sua equipe vai acompanhar o caso. “Nosso mandato acompanha o caso para a situação seja apurada e as providências cabíveis sejam tomadas […] Racismo não é brincadeira. Racismo é crime”, escreveu.
O presidente da CMC, o vereador Tico Kusma, disse em vídeo, publicado em suas redes sociais, que “é lamentável que ainda tenhamos que conviver com fatos como esse”. O vereador também prestou solidariedade à vítima. “Todo o apoio e solidariedade ao nosso servidor vítima de injúria racial! Ele terá todo o suporte da Câmara Municipal”, disse o presidente da câmara.
Confira o vídeo do momento da prisão
O Diário de Curitiba tentou localizar a defesa de Anoema Lopes Santana, mas até a publicação desta matéria não teve êxito.