Em novembro, um mês após a definição da eleição presidencial, a regra fiscal que será perseguida nos próximos anos segue indefinida. Nova proposta da PEC da Transição prevê retirada de R$ 198 bilhões do Teto de Gastos pelo prazo de quatro anos. Pela intenc?a?o de governo eleito de ampliar os gastos primários, Marcos Rogério (PL-RO), vice-líder do governo, descartou a aprovação da PEC sob o argumento de que esse valor coloca em risco as contas públicas.
Segundo matéria do portal de notícias UOL, um dos principais questionamentos do mercado financeiro é a ausência de um limite estabelecido para o chamado “waiver” – licença para gastar – que abrigará as promessas de campanha do presidente eleito. No Congresso, a avaliação é de que dificilmente um “cheque em branco” seria aprovado. Articuladores do PT prometeram definir um valor para o gasto extra em 2023, mas ainda não se comprometeram a colocar esse limite definitivamente no texto da PEC.
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Para o economista Felipe Bernardi Capistrano Diniz, “nesse cena?rio, sem perspectivas claras de uma poli?tica fiscal que possa garantir a solve?ncia das contas pu?blicas, o Ibovespa interrompeu a seque?ncia de quatro meses consecutivos de alta e caiu 3,1% no me?s”. Mais importante, diz ele, “as taxas de juros no mercado futuro apresentaram elevac?a?o expressiva, com o mercado tirando a precificac?a?o de cortes da taxa Selic ao longo do pro?ximo ano.
No âmbito internacional, os ativos de risco registraram performance positiva. As bolsas americanas valorizaram pelo segundo me?s consecutivo; as taxas de juros americanas recuaram; e o do?lar se desvalorizou perante as moedas das principais economias desenvolvidas. Este movimento foi impulsionado pela percepção dos investidores de que a inflac?a?o americana atingiu o pico e desacelerara? nos pro?ximos meses, e pela expectativa de que o FED reduzira? o ritmo de alta de juros na próxima reunia?o. De acordo com o portal da Globo, a inflac?a?o ao consumidor, em termos anuais, apresentou uma desacelerac?a?o de 0,4 p.p., para 7,7%. Para Felipe Bernardi Diniz, “membros do FED reforc?aram a intenc?a?o de reduzir o ritmo de juros em dezembro porque as taxas de juros americanas estão em patamar restritivo, o que recomenda maior cautela no aperto moneta?rio”.
Ao mesmo tempo, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, reforçou a intenc?a?o de subir a taxa de juros para patamares mais elevados, em uma tentativa de dissociar as discusso?es sobre ritmo de alta de juros das estimativas de taxa terminal do ciclo. O comportamento dos ativos de risco no me?s passado, contudo, mostrou que a tarefa do FED e? desafiadora, dado que a comunicac?a?o do FED levou a um afrouxamento relevante das condic?o?es financeiras. Para reduzir a inflac?a?o americana para a meta de 2%, o FED precisara? fazer justamente o oposto; precisara? apertar mais as condic?o?es financeiras da economia americana para reduzir a demanda agregada e corrigir o desequili?brio entre oferta e demanda no mercado de trabalho.
Na China, segundo matéria da CNN, a disparada de novos casos da Covid-19 fez com que os governos locais mudassem sua postura, reconhecendo a forma mais branda dos sintomas da atual variante, e o mais provável e? que trabalhem na direc?a?o do relaxamento progressivo das restrições. Isto portanto, fez com que o mercado passasse a precificar uma maior probabilidade de uma reabertura mais ra?pida da economia chinesa. Diz Felipe Bernardi Diniz, “este tema deve ganhar importa?ncia nos pro?ximos meses, e tem potencial para gerar mais um choque inflaciona?rio na economia mundial”. Para ele, “a perspectiva de reabertura na China e a reduc?a?o no ritmo de aperto moneta?rio nos EUA podem tornar o ambiente global menos conflituoso, pelo menos ate? que a recessa?o nos EUA se concretize”.
Em resumo, conclui Felipe Bernardi Diniz, “a desacelerac?a?o da atividade econômica, que poderia ser utilizada para dar início a um ciclo de afrouxamento moneta?rio ja? em 2023, podera? significar mais gastos pu?blicos no próximo ano e seguintes, trazendo ao país uma combinac?a?o de juros elevados, impostos mais caros, inflac?a?o alta e PIB em queda”.