Ano passado não foi fácil para os brasileiros. A gripe, uma doença que muita gente acha “comum”, matou mais de 1.600 pessoas em 2022, segundo o jornal “O Globo”. Só em janeiro foram mais de 1.500 óbitos e 204 em fevereiro. Um dado alarmante é que 79% dessas mortes foram de idosos. O grande responsável por esse aumento foi o vírus Influenza H3N2, mais especificamente a cepa Darwin.
Dor de cabeça e na garganta, coriza, febre e tosse são alguns dos sintomas da gripe que tiram o sono de qualquer um. Caso a pessoa tenha esses sinais, a recomendação é beber muita água, ficar em repouso, usar analgésicos e antitérmicos recomendados por médicos.
• Clique aqui agora e receba todas as principais notícias do Diário de Curitiba no seu WhatsApp!
A boa notícia é que, quando o caso não é complicado, a pessoa pode melhorar em até cinco dias a partir do surgimento dos sintomas.
Já crianças pequenas, idosos, gestantes, obesos e pessoas com diabetes, doenças respiratórias ou cardíacas precisam ter a atenção redobrada. A gripe pode trazer diversas complicações, como pneumonia. Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), essa é uma das mais comuns e é a principal causa de óbito de pacientes com a doença.
Como prevenir a gripe?
É preciso ter alguns cuidados:
- Higienizar bem as mãos com álcool em gel ou água e sabão;
- Quando for tossir ou espirrar, sempre lembrar de cobrir a boca e o nariz;
- Evitar ficar perto de pessoas com sinais e sintomas da doença;
- Tomar a vacina contra gripe.
Sobre a vacina contra gripe
A vacina contra gripe protege contra infecções causadas pelo vírus Influenza. Ela é indicada para pessoas com mais de 6 meses e está disponível em duas versões: trivalente e quadrivalente. A primeira possui proteção contra 3 cepas e a segunda contra 4.
É preciso ter atenção ao esquema vacinal
Crianças entre 6 meses e 9 anos incompletos, que nunca foram vacinadas contra gripe, precisam tomar 2 doses na primeira vez. O intervalo entre elas deve ser de 1 mês. Nos próximos anos, basta aplicar uma dose anual. Essa última orientação serve também para todas as pessoas que têm 9 anos ou mais.
Palavras da especialista sobre a gripe
Sabemos que a gripe ainda é uma doença que gera muitas dúvidas. Para respondê-las, entrevistamos a Infectologista e Pediatra Dra. Cristiana Meirelles, que também é Gerente Médica da Beep Saúde. Leia a entrevista na íntegra:
- Muita gente confunde a gripe com o resfriado. Eles são a mesma coisa?
Não. Embora tenham sinais e sintomas semelhantes, a gripe é causada pelo vírus Influenza, enquanto os resfriados são causados por diversos vírus respiratórios, como: Rinovírus
(mais frequente) e o Vírus Sincicial Respiratório (também responsável pela bronquiolite aguda).
O resfriado começa de forma gradual e cursa com sintomas mais brandos, como: congestão nasal, coriza, febre baixa e tosse. A recuperação ocorre, em média, em menos de 4 dias.
Já a gripe inicia de forma abrupta, podendo apresentar: febre alta, dor de cabeça, prostração, dor no corpo e tosse. Leva mais tempo para recuperação total e pode evoluir para complicações sérias, como: miosite, encefalite e pneumonia.
- Houve recorde de mortes por gripe em 2022. Como diminuir essa estatística?
A principal arma contra a doença é a vacinação. O imunizante contra o vírus Influenza é administrado em abril/maio para proteção nos meses de outono e inverno, quando a circulação do vírus costuma ser maior.
No entanto, a proteção conferida pela vacinação reduz com o passar dos meses e, havendo nova circulação do vírus no final do ano (surto), por exemplo, o nível de anticorpos já pode estar baixo.
Por essa razão, os grupos de maior risco para complicações da gripe, como idosos e imunocomprometidos, devem se vacinar novamente após 6 meses da dose aplicada, a critério do seu médico assistente.
Além da vacinação, medidas como: higiene frequente das mãos, evitar lugares com aglomeração e contato com pessoas gripadas são importantes na prevenção da doença. Se houver sinais e sintomas sugestivos de qualquer complicação da gripe, deve-se procurar assistência médica imediatamente.
- Grande parte dos óbitos são de idosos. Em sua opinião, como amenizar esse cenário?
Como dito anteriormente, os idosos devem seguir as mesmas orientações. Um cuidado especial deve ser dado à hidratação e ao uso de medicações sintomáticas nessa população. O olhar mais atento do indivíduo e de seus familiares é fundamental para identificar sinais e sintomas de gravidade para procurar por assistência médica.
- Há algum risco de um novo surto de gripe?
Sim, principalmente se a cobertura vacinal for baixa na nossa população. Caso uma variante do vírus Influenza comece a circular em meio a uma comunidade suscetível (sem vacinação), o espalhamento do vírus, por ser via respiratória, ocorrerá de forma rápida, tornando difícil o controle da infecção.
- Quais são as medidas para combater um surto de gripe?
Identificar os doentes para que eles tomem medidas, como: isolamento social e/ou uso de máscara, higiene frequente das mãos com álcool em gel, água e sabão, vacinação contra Influenza, profilaxia com medicação antiviral para quem tiver indicação.
- Vai haver alguma mudança na composição da vacina contra gripe deste ano?
Sim. Em 2023, a vacina trivalente será composta de: A / Sydney / 5 / 2021 (H1N1) pdm09; A / Darwin / 9 / 2021 (H3N2); B / Austria / 1359417 / 2021 (Victoria).
Já a vacina quadrivalente – ou tetravalente – incluirá também a cepa B / Phuket / 3073 / 2013 (Yamagata).
A mudança em relação à vacina de 2022 estará na cepa Influenza A H1N1. No ano passado, tínhamos a A / Victoria / 2570 / 2019 (H1N1) pdm09.
- Qual é a vacina contra gripe ideal? Tri ou quadrivalente?
Idealmente, deve-se optar pela quadrivalente, pois possui 4 cepas do vírus Influenza, ampliando o espectro de proteção. A vacina contra gripe tetra ou quadrivalente tem as 2 cepas A e a cepa B contidas na versão trivalente, além de incluir outra cepa B do vírus Influenza.
- A vacina contra covid-19 ajuda de alguma maneira no combate à gripe?
A vacina contra covid-19 não protege contra a gripe, que é uma infecção causada por um vírus diferente do SARS-CoV2 (Coronavírus). No entanto, é fundamental que a imunização contra Influenza esteja em dia para evitar não só a gripe, mas também a possibilidade de coinfecção com outros vírus respiratórios, como o SARS-CoV2, que levam a quadros clínicos potencialmente mais graves.
- Quais países, além do Brasil, trabalham com essa vacina e quais são as evoluções em busca da amenização dos sintomas?
Países da América Latina, Europa, EUA e Canadá também recomendam a vacinação contra gripe no período de maior sazonalidade (outono e inverno).
Para amenizar os sintomas, a recomendação continua sendo aumentar a ingestão de líquidos, principalmente água, repouso, uso de analgésicos e antitérmicos. Para alguns grupos de risco com complicações da doença, pode haver a indicação da administração de oseltamivir (Tamiflu), uma medicação antiviral.
- Como era o cenário há 5 anos e quais são as perspectivas de estudos para a melhoria das vacinas contra gripe?
De acordo com as determinações da Organização Mundial de Saúde, todos os anos, a Anvisa publica a composição das vacinas contra Influenza que serão utilizadas no ano seguinte.
Essa escolha é baseada nos vírus que mais circularam no ano anterior. A mudança da composição de cepas (tipos de vírus) das vacinas é muito importante para sua eficiência, visto que elas se adaptam e sofrem mutações.
Novas vacinas contra Influenza devem chegar ao Brasil, incluindo uma com concentração maior de antígeno (“pedaços de vírus”) presente por dose para uso na população acima de 65 anos. Com isso, será garantida uma maior eficácia na estimulação do sistema imunológico do idoso.
Colaboração Assessoria de Imprensa