O deputado estadual Ricardo Arruda (PL) registrou um boletim de ocorrência contra o também deputado Renato Freitas (PT). O registro foi feito na tarde desta quarta-feira (29), no 3° Distrito Policial de Curitiba. Arruda alega que se sentiu ameaçado durante dois discursos proferidos por Freitas na tribuna da Alep, na segunda-feira (27) e terça-feira (28).
Os dois parlamentares estão protagonizando uma série de acusações mútuas nas últimas semanas. Arruda teria sugerido que Freitas fizesse um exame toxicológico e provocou o colega dizendo que Renato fala manso devido “ao cigarro que anda fumando”.
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Freitas respondeu a provocação afirmando que é necessário arrependimento por parte do parlamentar e disparou: “Deputado Ricardo Arruda arrependa-se a tempo, enquanto há vida”, disse. A fala do petista foi motivo de denúncia por parte de Arruda, que pede também processo disciplinar por quebra de decoro na Alep.
Renato rebate denúncia
Em relação à suposta ameaça, Renato Freitas disse que, na sessão de segunda-feira chamou a atenção para o processo criminal que Ricardo Arruda responde, “como incurso nos crimes de associação criminosa (art. 288, CP); peculato (art. 312, CP) e tráfico de influência (art. 332, CP), destacando que, dentre os diversos delitos de tráfico de influência denunciados pelo Ministério Público do Paraná, consta a interferência ilegal e imoral do deputado, que agiu com vistas a garantir a restituição à PM/PR de policiais expulsos da corporação por terem cometido o crime de homicídio”.
Segundo Renato Freitas, na sessão do dia seguinte, Ricardo Arruda acusou o adolescente Caio, menor de idade e sem passagens pela polícia, assassinado pela Guarda Municipal de Curitiba, de ter ameaçado os oficiais com uma faca, versão que é contestada pela família.
“Em resposta, Renato relembrou o processo criminal de Arruda e associou a propagação de fake news a um tipo de política que produz a morte de inocentes. Parafraseando versículos bíblicos, Freitas disse ainda que acreditava no arrependimento do parlamentar como uma forma de se redimir”, disse Renato Freitas.
Renato Freitas disse que Ricardo Arruda é disseminador de fake news e cortou as falas completas, que podem ser conferidas no canal da TV Assembleia no Youtube, nas quais chama a atenção para a necessidade de apuração das mortes promovidas pelas forças policiais do Estado, sobretudo no caso recente de Caio José.
Leia o restante da nota completa:
“Como se não bastasse, Arruda imputou, sem apresentar qualquer indício, que Freitas possui envolvimento com facções criminosas. Acusação gravíssima pela qual o parlamentar bolsonarista será responsabilizado.
Destaca-se que é lamentável que o referido deputado se utilize de má-fé para descontextualizar os fatos, atentando contra o interesse público ao desperdiçar recursos, que deveriam ser destinados para averiguar crimes reais, com picuinhas políticas.
Ressalta-se ainda, que é possível vislumbrar na atitude do parlamentar uma das facetas do racismo, que, em nossa sociedade, tende a atribuir a pessoas negras o estigma de perigosas, mesmo quando ocupam espaços de poder.
Por fim, o próprio deputado Arruda, ao registrar o boletim de ocorrência com fatos que tem conhecimento de serem inverídicos, pode estar cometendo crime contra a administração pública (art. 339, CP); denunciação caluniosa (art. 339, do CP); injúria (art.140, CP); difamação (art. 139, CP); e calúnia (art. 138, CP).
Na verdade, sabemos que a acusação de Arruda só acontece porque o preconceito e a discriminação racial permitem que esse tipo de calúnia caia como uma luva no contexto de nossa sociedade racista. É o que o Brasil faz desde sempre, mas os tempos são outros“.