Eles fazem parte de uma força de trabalho estimada entre 600 mil e 1 milhão de trabalhadores, conhecidos como catadores de lixo reciclável, no País. Estima-se que 90% do material reciclado que retorna para a indústria, passa pelas mãos desses profissionais, que atuam na coleta, separação e venda, como meio de vida ou complemento de renda.
Em um país que só em 2022 produziu 81,8 milhões de toneladas de lixo e reciclou apenas 4%, reconhecer a importância e o valor ambiental, econômico e social dos catadores é fundamental, principalmente no mês em que se comemora o Dia Mundial da Reciclagem, dia 17 de maio.
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Roberto Rocha, é presidente da Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAT). A ANCAT é uma associação sem fins lucrativos que atua pelo avanço e a profissionalização da categoria organizada em cooperativas e associações, além de contribuir para o trabalho dos catadores que atuam nas ruas, aterros sanitários e em lixões no Brasil, realidade que ele conhece de perto. Há 30 anos, Roberto se dedica a buscar soluções, parcerias e políticas públicas para o fortalecimento dos catadores
Tudo começou nas ruas, quando aos 19 anos, Roberto iniciou suas andanças como catador. A discriminação sofrida por exercer essa prática o impulsionou a ir em busca de mudanças. Desde então, ele construiu uma trajetória de luta em prol da categoria. Fundou a cooperativa CRUMA, em Poá, São Paulo, participou na construção do Movimento Nacional de Catadores (MNCR), da criação da Rede de Cooperativas CataSampa.
“Somos trabalhadores invisíveis, mas que graças a nosso trabalho e dedicação, a profissão de catador passou a ser reconhecida pela Classificação Brasileira de Ocupações”, orgulha-se.
Atualmente, além de ter se tornado uma referência nacional no debate sobre a gestão de resíduos sólidos e de visibilidade dos catadores, Roberto Rocha tem atuado de forma efetiva para estabelecer políticas públicas em prol da reciclagem, logística reversa e direitos dos profissionais da catação, buscando incluí-los de forma cada vez mais justa na cadeia produtiva. Além de buscar trazer reconhecimento ao fato de que sua atuação não se limita à coleta dos resíduos, mas contribuem também com um serviço de educação ambiental, ainda que a remuneração hoje esteja garantida apenas na ponta, na venda dos materiais, e não nesse processo como um todo.
“O trabalho realizado pelos catadores está totalmente alinhado com as propostas que são a base do ESG. E isso pode ser melhorado. Tanto no trabalho de recuperação de embalagens, parte importante das boas práticas ambientais, como no aspecto do social, que se refere a melhores condições de trabalho e renda”, finaliza do dirigente.
A reciclagem é das mulheres
As mulheres são a maioria dentro das organizações de catadores. De acordo com dados do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), as mulheres são maioria entre os catadores, representando 70% dos 800 mil trabalhadores em atividade no Brasil.
Confira outras informações sobre o setor no Atlas Brasileiro da Reciclagem, no site.