A cidade de Curitiba recebe uma exposição provocativa e necessária, que pretende trazer à tona a valorização da identidade negra e promover discussões sobre o futuro da população não branca. A artista visual Miriane Figueira apresenta a exposição “Reaproprio-me de Mim e Futuro Subjuntivo“, uma poderosa reflexão sobre a iconografia da diáspora negra, com foco na representação das mulheres negras.
A trajetória dessa exposição começou em 2016, quando Miriane iniciou o projeto “Desaproprio-me de Mim”, onde abordou temas ligados à memória e à negritude, explorando a fotografia como uma forma de expressão e pesquisa. No entanto, ao deparar-se com o livro “Negros no Estúdio Fotográfico” de Sandra Sofia Machado Koutsoukos, que continha imagens de mulheres negras nuas, a artista sentiu a necessidade de ressignificar essas representações, atribuindo-lhes novos significados.
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Valorizando a Identidade Negra
Utilizando a técnica de transferência de fotografia para algodão, com tinta para tecido e costura, Miriane criou obras que ganharam vida e alcançaram mais de 700 alunos de escolas públicas em Curitiba, graças ao prêmio Funarte. O objetivo era aplicar os princípios da educação afro centrada e da Lei 10.639, que inclui a história e a cultura afro-brasileira no ensino, buscando fortalecer a identidade da população negra.
Ao vestir as mulheres retratadas com tecidos que representam o imaginário da negritude no Brasil, como os panos da costa, Miriane simboliza a construção do país através do trabalho da mão de obra negra, especialmente nas plantações de fumo, algodão e café.
Um Futuro Subjuntivo: Imaginando Possibilidades
Mas a jornada artística de Miriane não parou por aí. O projeto evoluiu para “Um Futuro Subjuntivo”, onde as personagens criadas em “Reaproprio-me de Mim” ganham novos significados. Inspirada pelo movimento afro futurista, Miriane apresenta cenários possíveis, porém ainda distópicos, para a população negra, provocando uma reflexão sobre o acesso ao trabalho, a ascensão social e a dignidade das pessoas não brancas.
Através de suas obras, Miriane está conferindo ainda mais identidade a essas mulheres e buscando reconstruir o imaginário em torno da negritude. Sua arte não pretende mudar o mundo, mas oferece novas perspectivas sobre ele, funcionando como uma válvula de escape criativa para as pessoas.

Mesa Redonda: Debates Sobre o Futuro da População não Branca
Para ampliar o debate em torno dessas questões importantes, a exposição também contará com uma mesa de debates aberta ao público. O tema “Um Futuro Subjuntivo: cotas, mercado de trabalho e direitos para a população não branca” será discutido por especialistas renomadas, incluindo a própria artista, e as convidadas Angélica Carvalho, socióloga e pesquisadora na área da Educação das Relações Étnico-Raciais; Beatriz Santa Rita, consultora e educadora em diversidade e inclusão nas organizações, além de pesquisadora autônoma de boas práticas em diversidade étnico-racial nas empresas; Constance Modesto, advogada especialista em direito trabalhista e membra efetiva da Comissão de Igualdade Racial, sendo também Relatora da Comissão das Mulheres Advogadas da OAB/PR.
O evento acontecerá no dia 18 de agosto, às 19h30, e dentro da programação também ocorrerá a Exposição de Mesa da Plataforma Estopim, onde Miriane exibirá todo o processo de criação de suas obras entre 18h e 21h, na Alfaiataria Espaço de Artes, localizada na Rua Riachuelo, 274 – Centro – Curitiba/PR.
Essa exposição imperdível irá percorrer todas as 10 regionais de Curitiba ao longo de 10 meses, proporcionando acesso e visibilidade ao trabalho de Miriane Figueira. Se você está em Curitiba ou planeja visitar a cidade, não perca a oportunidade de prestigiar essa mostra que ressignifica imagens de mulheres negras na diáspora africana e lança um olhar esperançoso para o futuro.
Serviço:
– Exposição “Reaproprio-me de Mim e Futuro Subjuntivo”
– Local: Casa de Leitura Jamil Snege – Rua da Cidadania Fazendinha (Rua Carlos Klemtz, 1700 – sala 71)
– Período de visitação: 01/08 a 31/08/23
– Horário: segunda a sexta, das 8h30 às 12h30 | 13h30 às 17h30
– Mesa de debates: 18 de agosto, às 19h30
– Local: Alfaiataria Espaço de Artes, Rua Riachuelo, 274 – Centro – Curitiba/PR
Aproveite também para conferir as próximas datas da exposição em outras regionais de Curitiba no site da Fundação Cultural de Curitiba.