Com estreia marcada para hoje (21) nos cinemas, o filme ‘Nosso Sonho‘ conta a biografia dos cantores brasileiros Claudinho e Buchecha. Interpretados por Lucas Penteado (Claudinho) e Juan Paiva (Buchecha), o longa-metragem tem direção de Eduardo Albergaria e roteiro dele mesmo, com Daniel Dias.
O filme retrata a vida dos jovens cantores, pela perspectiva do Buchecha. Viaja pelas fases da vida dos dois, desde a infância, passando pela adolescência e o auge da carreira musical, na fase adulta. A dupla que se tornou um sucesso do gênero funk melody nacional, vai emocionar o Brasil mais uma vez, mas agora não só com suas músicas, mas com a força do audiovisual nas telonas. Essa história merecia ser contada, só não entendo o porquê demoraram longos 20 anos para essa produção.
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Resumindo um pouco sem muitos spoilers, Buchecha conta que Claudinho o salvou inúmeras vezes, sendo a primeira em um rio, onde se banhavam. Buchecha quase se afogou e o amigo prontamente o ajudou, salvando sua vida. A segunda vez, foi quando Buchecha sai da pequena cidade onde vivia, de forma forçada, já que o pai tinha problemas com álcool e era agressivo com sua mãe. Um dia ele chega em casa muito alterado e Buchecha precisou intervir em favor da mãe, mas o pai se revoltou contra ele também. Para proteger o filho, sua mãe manda ele embora para Salgueiro, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, morar com uma tia. Ao chegar na cidade, ele se depara com uma situação de tiroteio e correria, e quem aparece do nada é ninguém menos que o grande amigo da infância, Claudinho. Salvo mais uma vez.
Nesse dia, o apelido de “Buchecha” foi dado por Claudinho, após a confusão no Rio. “Eu fui batizado nesse mesmo dia”, fala do personagem Buchecha no filme. Claudinho ajuda o amigo localizar a tia, e Buchecha passa a viver com ela. Nesse período, podemos ver o desenvolvimento dos personagens juntos, primeiros empregos, primeiras paixões e a ideia de montarem a dupla, idealizada por Claudinho.
O título do filme foi baseado na música ‘Nosso Sonho’, famosa por fazer com que um termo jurídico ganhasse popularidade na boca do povo. O termo “Adjudicar” se tornou poético em meio aos versos da canção.
“Nosso sonho não vai terminar
Desse jeito que você faz
Se o destino adjudicar
Esse amor poderá ser capaz”, refrão da música Nosso Sonho (1996) de Claudinho e Buchecha.
Ambientado nos anos 90 e início dos anos 2000, o longa é uma nostalgia sem fim. As canções no decorrer do filme nos leva à uma viagem incrível, um misto de emoção, saudades, pois nos transporta para nossas próprias mémorias da época.
Apesar de contar toda a hitória da dupla, não é um filme apenas biográfico. É muito além disso. Ele conta de uma forma linda sobre amizade, companheirismo e persistência. Sobre não desistir dos sonhos em nenhuma circunstância, por mais dura que ela transpareça ser. E foi exatamente isso que fizeram os dois. Tudo torna-se mais forte ainda quando essa história contada é sobre dois jovens negros da periferia, vencendo tantos preconceitos e obstáculos e atingindo o auge da fama.
Em uma fala do personagem Buchecha ele fala: “Não precisamos ser lindos para ganhar a fama, a fama é que nos deixa lindos!”. A pura percepção de que sem a fama, os caminhos seriam diferentes para aqueles jovens sonhadores. O filme está lindo, boa fotografia, ótima trilha sonora, excelente atuações. Além dos atores que vivem os protagonistas, o elenco conta ainda com o brilhantismo de Tatiana Tibúrcio, Clara Moneke, Lellê, Isabelaa Garcia e Nando Cunha. Essa junção deu muito certo, todos imteragindo de forma genúina em seus personagens.
Foto Cartaz: Manequim Filmes
Nos finalmentes do longa-metragem, ele aborda a canção ‘Fico assim sem você’, que fala em determinado trecho: “Amor sem beijinho, Buchecha sem Claudinho”. Buchecha relata que colocou objeções, que não queria gravar pois não existia Buchecha sem Claudinho. Mas Claudinho era persuasivo e a música não só foi lançada, como explodiu. Parecia uma premonição.
Como o filme acaba não posso contar, mas todos já sabem o trágico fim do artista Claudinho. Mas deixo, propositalmente, essa ponta solta nessa crítica, para que possam conferir de perto o desfecho de uma história que mereceu ser contata. Mesmo que o fatídico fim da dupla tenha ocorrido há mais de 20 anos, ficaram gravados nas mémorias dos apaixonados por funk, suas letras e canções de sucesso como ‘Só Love’, ‘Quero te encontrar’, ‘Carrossel de emoções’ e tantas mais. Agora vão fazer história por levarem o funk para as telonas.
E vale muito a pena ouvir e assistir esse grande sucesso do cinema. É nostálgico, emocionante, saudoso e necessário.
Nota: 10/10
Confira o trailer: