Nesta quinta-feira (11), estreia nos cinemas do Brasil o filme familiar de aventura intitulado “Chama a Bebel“. Protagonizado por Giulia Benite, estrela da saga Turma da Mônica, a atriz interpreta a personagem Bebel, uma jovem PcD (Pessoa com deficiência).
Maria Isabel dos Santos, a Bebel, é uma jovem cadeirante, muito estudiosa e corajosa. Mora no interior com sua mãe Marina (Larissa Maciel) e o avô Seu João (José Rubens Chachá). A escola onde estuda não contempla todas as séries, e ela se vê obrigada a ir para a cidade grande, para concluir seus estudos. A estudante terá que enfrentar muitos desafios ao morar com a tia Marieta (Flavia Garrafa), que faz um papel de vilania.
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Para resumir, a jovem se inspira na ativista ambiental Greta Thunberg, e se torna uma líder na nova escola e seus projetos acabam incomodando um empresário da cidade, que possui um negócio nada sustentável. O vilão (Marcos Breda), tem uma grande empresa de cosméticos na cidade, onde gera empregos e acaba tendo prestígio por isso. Porém, sua empresa usa animais em testes cosméticos, principalmente os animais de rua, para não levantar suspeitas.
Foto: Divulgação Downtown/Paris
Um dos funcionários da empresa, é o tio de Bebel, logo, morando na mesma casa, ela terá acesso à informações privilegiadas para enfrentar o vilão. Junto com seu primo e os novos colegas do colégio, eles se jogam nessa missão de desmascarar o todo poderoso. Não bastando isso, ela ainda tem que lidar com a antagonista, a aluna popular Rox (Sofia Cordeiro), filha do empresário desonesto, que implica com Bebel devido seu forte ativismo pelo meio ambiente.
O filme tem muitas pautas sociais e a menor delas é a inclusão de pessoas com deficiência, pois, o filme não foca apenas na acessibilidade, já que a personagem Bebel dispensa melodrama, se mostrando super capaz e independente. Porém, abordam meio ambiente, causa animal, desperdício de alimentos, consumismo, entre outros pontos que são pincelados. O grande problema de tentar abraçar tantas causas, é que não consegue aprofundar em nenhuma delas.
O cineasta Paulo Nascimento, responsável pelo roteiro e produção, está solidificando carreira focado em tratar temas sociais como nos seus filmes Em Teu Nome (2009) e A Oeste do Fim do Mundo (2013), além do Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos (2018). Sabemos da relevância desses temas, pois envolve nosso cotidiano. Mas o roteiro peca ao tentar abraçar o mundo. Fica quase impossível não deixar a sensação de “falta alguma coisa” e ao mesmo tempo “tem coisa demais”, para um longa de 1h30, com tantas nuances.
Eu digo que o maior erro não está no roteiro nem direção, nem no fato de ter tantas pautas sociais, mas sim abordar inclusão de PcDs, criticar a sociedade que não gera acessibilidade nos espaços públicos e privados, num filme em que a protagonista não é uma pessoa com deficiência.
Foto: Divulgação Downtown/Paris
Me pergunto se não existia nenhuma atriz PcD para viver o personagem. E, se não existe, certamente é por esse motivo, a falta de oportunidades. Felizmente o personagem Professor Denis, interpretado pelo ator Rafael Muller, cobre esse furo. Professor Denis é paraplégico, assim como o ator que o interpreta.
Ainda assim, apesar dessa falha, é importante ressaltar que é um filme leve, para a família, em especial para adolescentes. Apesar de previsível, ainda é uma boa história. Daquelas que dá vontade de abraçar a personagem principal pela sua leveza. Mais ainda pela sua força. Deixando claro que o capacitismo é algo cruel, e que diz respeito a quem comete o crime e não sobre as pessoas com deficiência.
Nota: 6/10
Confira o trailer:
Cartaz do Filme
Foto: Divulgação Downtown/Paris