É inegável que diante de uma tragédia como a enchente histórica que assolou o Rio Grande do Sul nos últimos dias, a reação de diversas figuras públicas, jornalistas e políticos foi, no mínimo, questionável. O rancor destilado por alguns em seus discursos (e digo isso exatamente depois de ler um texto contundentemente tosco, e delirante, de um cidadão chamado Paulo Polzonoff) revela uma visão deturpada da realidade e um oportunismo lamentável.
Primeiramente, é necessário desmistificar a ideia de que toda manifestação política em momentos de crise é oportunista. Lula, ao visitar a região afetada e expressar solidariedade, por exemplo, não estava apenas buscando ganhos políticos, mas cumprindo um papel esperado de um líder público: representar e apoiar os cidadãos em momentos difíceis. Reduzir sua ação a uma estratégia eleitoral é simplificar em demasia um gesto que carrega consigo a empatia e a preocupação com o bem-estar da população.
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Por outro lado, é inaceitável a tentativa de alguns setores de polarizar ainda mais a situação, utilizando-a como palanque para ataques políticos. Culpar o agronegócio, o governo federal, ou qualquer outro ator específico pela tragédia, é não apenas simplista, mas também irresponsável. Em momentos como esse, o foco deveria ser na solidariedade, na busca por soluções e na reconstrução das áreas afetadas, não na disseminação de discursos de ódio e na busca por culpados.
Além disso, a exploração midiática (de alguns veículos que são desavergonhados dessiminadores de fake news) e política da tragédia, seja para promover determinada ideologia ou descreditar adversários políticos, é repugnante. O que o Rio Grande do Sul e seus habitantes precisam neste momento não são discursos inflamados, mas sim ações concretas de apoio e reconstrução.
É desolador constatar que, em meio à dor e ao sofrimento, muitos optam por se enclausurar em suas bolhas ideológicas, alimentando o discurso do “nós contra eles” em vez de estender a mão ao próximo. A polarização política tem corroído os laços que nos unem como sociedade, impedindo-nos de enxergar a humanidade no outro e de agir de forma solidária e compassiva.
Portanto, é urgente que deixemos de lado o oportunismo político e a busca por culpados, e nos concentremos na verdadeira essência da crise: a necessidade de apoio mútuo e solidariedade. Que possamos aprender com essa tragédia a valorizar o bem discreto, mas presente, daqueles que, anonimamente, se dedicam a ajudar o próximo, sem esperar nada em troca. Esta é a verdadeira essência da humanidade, que deve prevalecer mesmo nos momentos mais sombrios.