Um áudio obtido com exclusividade pela coluna do jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, revela um escândalo envolvendo servidores da Prefeitura de Curitiba. O superintendente de Tecnologia da Informação, Antônio Carlos Pires Rebello, teria coagido funcionários municipais a realizarem doações para a campanha de Eduardo Pimentel, candidato a prefeito pelo PSD e apoiado por Rafael Greca, Ratinho Junior e Jair Bolsonaro.
De acordo com a gravação, Rebello teria orientado os servidores a comprar convites para um jantar de arrecadação, que ocorreu no dia 3 de setembro, com valores que chegavam a R$ 3 mil. Os convites teriam sido classificados conforme o nível de gratificação dos servidores, com opções que variavam de R$ 3.000, R$ 1.500 e R$ 750. Mais grave ainda, o áudio revela que os repasses deveriam ser feitos por meio de contas bancárias de parentes ou amigos próximos, para que os doadores não fossem identificados. Rebello justificou a prática como “melhor do que fazer caixa 2” e chegou a argumentar que o esquema não seria ilegal.
A coação, no entanto, provocou forte reação de alguns servidores presentes na reunião, que questionaram a legalidade da exigência. Um deles afirmou que estavam sendo “obrigados” a contribuir, o que tornava o ato ilegal. Em um momento especialmente comovente do áudio, um servidor, em prantos, disse que não tinha condições financeiras para fazer a doação exigida. Rebello, visivelmente irritado, respondeu de forma ameaçadora, dizendo que, se a discussão continuasse, “demitiria” o funcionário.
O esquema de arrecadação, que sugere o uso de recursos de forma dissimulada para evitar a identificação de doadores, levanta sérias questões sobre a conduta da campanha de Eduardo Pimentel. Mesmo com as ameaças, os servidores continuaram a pressionar o superintendente, perguntando se a doação garantiria seus cargos e funções gratificadas, caso Pimentel fosse eleito. Rebello, por sua vez, não deu garantias, mas afirmou que a “ajuda” seria positiva para manter a posição de cada um.
Até o momento da publicação desta reportagem, a Prefeitura de Curitiba não respondeu às perguntas enviadas sobre a coação relatada pelos servidores. O espaço continua aberto para manifestações da administração municipal e dos envolvidos no caso.