O clima esquentou no debate deste sábado (19) entre Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB), promovido pela afiliada da Record no Paraná, Ric TV. A uma semana do segundo turno, os candidatos à Prefeitura de Curitiba não pouparam ataques e acusações sobre fake news, alianças suspeitas e gestão pública. A pesquisa Quaest divulgada horas antes trouxe os dois tecnicamente empatados: Pimentel com 42% das intenções de voto e Graeml com 39%, com margem de erro de três pontos percentuais.
Ao longo das duas horas de debate, temas como saúde pública, transporte e administração municipal foram ofuscados pela troca de farpas entre os candidatos. Pimentel, atual vice-prefeito, criticou o que chamou de “desconhecimento” da adversária sobre a cidade e a gestão pública, enquanto Graeml tentou explorar sua conexão com o eleitorado conservador, insinuando alianças “nos bastidores” entre Pimentel e o Partido dos Trabalhadores (PT).
• Clique aqui agora e receba todas as principais notícias do Diário de Curitiba no seu WhatsApp!
Acusações de desinformação e fake news
Em um dos momentos mais tensos, Graeml sugeriu que Pimentel teria feito acordos com o deputado federal Zeca Dirceu (PT) e a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, para garantir apoio político. “Quantos cargos você prometeu para Zeca Dirceu e Gleisi Hoffmann?” — provocou a candidata do PMB. Pimentel rebateu imediatamente, acusando Graeml de ser uma “ventiladora de desinformação”.
“Não sei quando a senhora deixou o jornalismo sério para virar uma propagadora de fake news. Onde que o PT está me apoiando oficialmente?”, retrucou Pimentel, desqualificando as insinuações.
A narrativa de Graeml, contudo, foi sustentada pela sua tentativa de se conectar com eleitores bolsonaristas, ao associar o adversário ao partido de oposição, ainda que o PT tenha optado por não apoiar nenhum dos candidatos neste segundo turno. A estratégia foi vista por analistas como um esforço para fortalecer sua base eleitoral mais conservadora, uma ala que tradicionalmente vê com desconfiança qualquer aproximação com o PT.
Ausências, acusações e vice sob ataque
Outro ponto que aqueceu o debate foi a ausência de Graeml em entrevistas e eventos públicos durante o segundo turno. Pimentel aproveitou para questionar se a jornalista estava escondendo algo, mencionando o vice de sua chapa, Jairo Filho (PMB), que enfrenta processos por estelionato. “A senhora está com medo de contar alguma coisa sobre o seu vice?”, provocou o vice-prefeito.
A candidata, visivelmente incomodada, retrucou acusando Pimentel de “falta de cognição” e insistiu que seu vice já havia respondido às acusações judiciais, sem entrar em detalhes. Ela também tentou virar o jogo, questionando a transparência da atual gestão e insinuando que Pimentel estaria envolvido em negociações obscuras para garantir apoio político nos bastidores.
Direito de resposta e dados sem fontes
Graeml fez mais de dez pedidos de direito de resposta durante o debate, todos negados pela organização. Ao discutir a crise de moradores de rua em Curitiba, por exemplo, a jornalista afirmou que há cerca de quatro mil pessoas em situação de rua na cidade, dado que foi questionado por Pimentel. Quando pressionada sobre a origem do número, Graeml respondeu que eram dados de ONGs e igrejas, mas foi acusada de usar informações imprecisas.
Pimentel também não deixou passar um comentário sobre o aumento das tarifas de ônibus. Ele acusou Graeml de ter sugerido em entrevistas que cobraria mais de quem morasse longe do centro. A candidata negou com veemência e afirmou que “nunca diria uma coisa dessas”.
A batalha pelo eleitorado conservador
Nas considerações finais, Pimentel fez um apelo aos eleitores para compararem os planos de governo. Ele reforçou seu papel na atual gestão municipal, destacando o planejamento de longo prazo e a necessidade de continuidade. Graeml, por outro lado, tentou se alinhar à direita curitibana ao citar o ex-presidente Jair Bolsonaro como sua principal referência política, apesar de o partido de Bolsonaro, o PL, estar alinhado com Pimentel.
Pesquisa Quaest revela disputa apertada
O debate foi realizado no mesmo dia em que a pesquisa Quaest mostrou a corrida eleitoral mais apertada do que nunca. Pimentel aparece com 42% das intenções de voto, enquanto Graeml segue de perto com 39%. No primeiro turno, Pimentel liderou com 33,5%, enquanto a jornalista ficou com 31,2%, demonstrando que o cenário de segundo turno está cada vez mais imprevisível.
A disputa pela Prefeitura de Curitiba está longe de ser decidida, e a semana final promete ser marcada por mais ataques, acusações de fake news e estratégias para conquistar os eleitores indecisos. No cerne desse embate, o uso da desinformação e a manipulação digital continuam a ser ferramentas perigosas que ameaçam a democracia, minando o debate público com falsas narrativas e acusações sem fundamento.
E, à medida que as eleições se aproximam, o confronto entre Pimentel e Graeml evidencia a crescente polarização política em Curitiba. Mais do que um embate de propostas, a disputa tem se centrado em acusações de desinformação, o que levanta preocupações sobre o impacto das fake news na integridade do processo democrático. Em tempos de manipulação digital, o eleitor se vê desafiado a distinguir fatos de ficção, em uma corrida em que a verdade parece, cada vez mais, se perder no meio das trocas de ataques.