A Polícia Federal está finalizando um relatório que revela novos indícios sobre o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro no planejamento de assassinatos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2022. Segundo fontes a par da investigação, Bolsonaro teria deixado “digital” no processo e, embora negue qualquer envolvimento, o documento final da PF poderá comprovar que ele sabia da trama.
Cerca de 30 pessoas deverão ser indiciadas no inquérito, que apura uma tentativa de golpe de Estado no período pós-eleitoral. A investigação foi intensificada com a prisão de quatro militares e um policial federal, suspeitos de estarem envolvidos no esquema. A operação da PF, deflagrada na terça-feira (data), revela um plano que visava a morte dos candidatos eleitos e do presidente do TSE, na época, ministro Alexandre de Moraes.
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Documentos e testemunhos apontam para o ex-presidente
O relatório final da PF, que incluirá esses novos indícios, revela que o ex-presidente Jair Bolsonaro, oficiais das Forças Armadas e ministros do seu governo participaram de reuniões secretas sobre a possibilidade de um golpe. O general Marco Antônio Freire Gomes e o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, então comandantes do Exército e da Aeronáutica, prestaram depoimento implicando Bolsonaro, o que fortalece as evidências contra ele.
Um dos documentos mais significativos apreendidos durante a investigação é o arquivo intitulado “Punhal verde amarelo”, que descreve o plano de assassinato. A PF descobriu que o general Mario Fernandes, então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, imprimiu e distribuiu o documento no Palácio do Planalto, local onde Bolsonaro estava recluso após a derrota eleitoral. A operação também revelou a presença de outros envolvidos, como o ex-assessor Filipe Martins, que se encontrava no Palácio da Alvorada na mesma data.
Plano de assassinato e golpe de Estado
A investigação da PF aponta que o esquema tinha como objetivo não apenas eliminar líderes políticos, mas também derrubar o governo eleito. Utilizando técnicas militares e terroristas, os conspiradores pretendiam criar um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, composto pelos próprios envolvidos, para liderar o golpe de Estado.
Em resposta, o ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a operação, destacou a gravidade dos indícios encontrados. Ele afirmou que a PF encontrou provas robustas de que o plano visava a desestabilização do Estado Democrático de Direito, utilizando táticas militares e terroristas para atingir seus objetivos.
Prisões e medidas cautelares
A operação deflagrada pela PF resultou em cinco prisões preventivas, incluindo as de membros dos “kids pretos” — militares das Forças Especiais — e do policial federal Wladimir Matos Soares. Além disso, foram expedidos mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e no Distrito Federal. As medidas também incluíram a proibição de contato entre os investigados, a entrega de passaportes e a suspensão de funções públicas.
A PF segue apurando os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado, além da execução dos assassinatos planejados.