Há algo de profundamente nostálgico em retornar à Terra Média. Depois de 23 anos desde que Peter Jackson nos apresentou a esse mundo em O Senhor dos Anéis, agora somos convidados a explorá-lo de outra perspectiva em A Guerra dos Rohirrim, que estreia nesta quinta-feira, 5 de dezembro, nos cinemas. O filme, dirigido por Kenji Kamiyama, adiciona novas camadas à mitologia de Tolkien, trazendo uma narrativa visualmente distinta e robusta.
Revisitar a trilogia original
Para me preparar, revisitei a trilogia original, relembrando a sensação mágica que a obra despertou na época. Fui transportada de volta ao cinema da Praça Osório, onde enfrentei longas filas para mergulhar naquele universo fantástico. No entanto, rever os filmes após mais de duas décadas foi uma experiência mista. Apesar de os efeitos visuais continuarem impressionantes, os diálogos pareceram mais rasos do que eu recordava. Talvez isso reflita o quanto nós e o cinema mudamos ao longo dos anos.
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Uma nova experiência com A Guerra dos Rohirrim
Mas A Guerra dos Rohirrim é uma experiência completamente diferente. A animação, feita no estilo anime, traz uma intensidade que combina brutalidade e delicadeza. Ambientada séculos antes da jornada de Frodo, a história apresenta Helm Hammerhand, um rei perturbado por conflitos políticos e familiares. A batalha que dá origem ao nome Abismo de Helm é retratada com vigor, mas a alma do filme está em Héra, filha de Helm, que emerge como uma protagonista feminina inesperada e cativante.
Héra: uma protagonista ousada
Héra é descrita como “arisca” e “teimosa”, mas sua coragem e determinação a tornam o coração da narrativa. Nos originais de Tolkien, a filha de Helm sequer tem nome. Sua inserção como protagonista em A Guerra dos Rohirrim é uma adaptação ousada. Enquanto muitos aplaudem essa escolha, ela também gerou desconforto entre fãs puristas, que preferem a fidelidade à obra original. Mesmo assim, sua liderança no cerco a Rohan é uma adição que dialoga com debates contemporâneos sobre representatividade.
Vilões e conflitos políticos
A escolha por focar menos na magia e mais nas dinâmicas humanas e políticas dá ao filme um tom quase Game of Thrones. A rivalidade entre Helm e Wulf, movida por rancores pessoais e vingança, é complexa e crua, destacando os sacrifícios feitos em nome do poder e da sobrevivência. No entanto, Wulf é um vilão estereotipado e raso. Sua motivação — uma mistura de rejeição como esposo de Héra e uma promessa de vingança pela morte do pai após um único soco — não convence. Essa superficialidade enfraquece o impacto do conflito central e é uma das falhas mais notáveis do filme.
Uma experiência visual marcante
Visualmente, A Guerra dos Rohirrim é uma obra-prima. Em muitos momentos, a beleza das ilustrações supera a narrativa, transportando o espectador para paisagens e batalhas que, embora animadas, possuem uma fisicalidade quase palpável. Essa estética expande o alcance emocional da saga, oferecendo algo novo para os fãs de Tolkien.
Uma adição valiosa à Terra Média
Embora menos mágico e mais político, o filme é uma adição valiosa ao universo da Terra Média. Para os fãs que anseiam por um mergulho em sua mitologia e por uma experiência visual rica, A Guerra dos Rohirrim promete ser uma jornada que vale a pena.