
O artista Gio Negromonte vem se destacando como um agente transformador no Litoral do Paraná. Isso porque, ele utiliza a cultura e a arte urbana para revitalizar a cidade de Paranaguá e os municípios vizinhos através de festivais de arte urbana com diversos artistas locais e mutirões comunitários que colorem as cidades e resgatam a auto estima da população.
O movimento nasceu em 2019, com o projeto “Paranaguá Mais Cores”, onde artistas urbanos e a população modificaram o espaço público de Paranaguá através de festivais de arte e mutirões de pintura. Ao todo, já são mais de 50 murais espalhados pelo litoral, onde a criatividade transformou espaços públicos.
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Gio também conta que a ideia mexeu com a auto estima da população caiçara. “As temáticas dos murais estão quase sempre ligadas à cultura local da pesca, do artesanato, do fandango e isso faz com que a própria população se identifique e se valorize”, comenta.
Em 2020, ao se indignar com os casarões abandonados de Paranaguá, cidade histórica que tem 376 anos, o artista, que é autodidata desde a infância, teve a ideia de começar o “Desabandonar”. No projeto, ele pintou portas, janelas e paredes destes espaços, trazendo vida às vias públicas. “Eu comecei a pintar despretensiosamente, como um modo de fazer um protesto poético para chamar atenção para aqueles espaços esquecidos”, conta.
As produções vêm sempre acompanhadas de cunho educativo, já que mutirões e oficinas em escolas, aldeias indígenas e pequenas comunidades das ilhas locais também fazem parte da programação. “O que eu pretendo, daqui uns anos, é ver novos artistas pintando, uma nova geração que tenha novas compreensões da cidade e da sociedade através da arte”.
Este ano, dois pontos turísticos já foram revitalizados com mutirões comunitários: a escultura do caranguejo, próxima a rodoviária de Paranaguá, e a antiga escadaria da Copel. Ambas ganharam novas cores e se tornaram também, parte da atração turística da cidade. “Esses lugares são a prova que boa vontade e criatividade podem trazer vida e retorno turístico para o município”, completa Gio.
A pintura da Ponte dos Valadares
Em 2025, a iniciativa se expande ainda mais com o projeto “Andada”, que, a partir de abril, promete dar nova vida à ponte que conecta Paranaguá à Ilha dos Valadares. Um trabalho inédito no Brasil, pelo tamanho e ousadia, já que serão mais de 1500 metros quadrados de produção artística.
A arte planejada para essa estrutura não é apenas uma escolha estética com o conceito do artista, mas também uma declaração de amor e valorização do legado cultural dos caiçaras, já que traz o caranguejo e o mangue como figuras centrais.
O projeto também será realizado com envolvimento comunitário e além da pintura, vai realizar um mutirão de limpeza de manguezais por terra e por mar, com auxílio dos Guardiões dos Manguezais Parnanguaras, iniciativa que promove limpezas e conscientização da importância do mangue para a vida marinha, economia e preservação ambiental.
E para comemorar, almoços comunitários com barreado, – comida típica do litoral paranaense, serão preparados para os participantes da atividade, já que na tradição caiçara, os trabalhos em mutirão são pagos com alimento. Ainda, um trailer de educação ambiental será implantado nas imediações da ponte. Ao final da pintura, uma grande festa com Baile de Fandango Caiçara acontecerá na Ilha dos Valadares.