Tarefas repetitivas têm impactado a produtividade de trabalhadores, e a inteligência artificial (IA) surge como uma possível solução. Um levantamento realizado pela Talker Research, a pedido da Grammarly, com 2.000 profissionais nos Estados Unidos, mostrou que 62% desejam automatizar atividades rotineiras com o apoio da tecnologia.
Segundo o estudo, os trabalhadores enfrentam, em média, 53 tarefas repetitivas por semana que interrompem o fluxo de trabalho. Entre as mais citadas estão: organização de dados em planilhas (34%), redação de atas e notas de reunião (33%) e elaboração de e-mails (35%). Para os entrevistados, essas atividades tomam tempo que poderia ser direcionado a funções estratégicas — 44% disseram que odeiam os aspectos repetitivos do seu trabalho.
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Apesar disso, 56% dos trabalhadores se consideram muito produtivos ao longo de um dia normal. De acordo com o estudo, o pico de rendimento dos trabalhadores americanos é registrado às segundas-feiras, por volta das 11h. Já o menor nível ocorre às sextas, às 12h06.
Adoção da IA depende da usabilidade
A facilidade de uso das ferramentas é apontada como fator decisivo para a adoção da IA. Dos entrevistados, 49% destacaram a usabilidade como prioridade, 35% valorizam a simplicidade na criação de comandos (prompts), e 31% mencionam a importância da integração com os sistemas corporativos já existentes.
Heather Breslow, chefe de pesquisa de UX e marketing da Grammarly, afirmou ao New York Post que empresas devem investir em soluções intuitivas e em programas de capacitação. Segundo ela, desenvolver uma cultura de superusuários de IA é essencial para ampliar os ganhos da tecnologia.
Ganhos esperados com a automação
A expectativa é que a inteligência artificial assuma tarefas operacionais como relatórios, organização de dados e comunicações padronizadas, permitindo que os profissionais se concentrem em análises, decisões e criação de conteúdo. “Ao minimizar as tarefas tediosas que atrapalham a produtividade real, os usuários de IA têm tempo para se concentrar em trabalhos mais significativos que exigem seu julgamento, criatividade e cuidado”, disse Breslow ao New York Post.
Dos entrevistados, 76% estimam que, em média, a IA se tornará indispensável nas empresas em três anos e meio. Atualmente, apenas 38% das empresas dos trabalhadores que participaram da pesquisa possuem uma política clara de inteligência artificial.
O levantamento da Grammarly sugere que os profissionais estão dispostos a adotar a IA como aliada. A combinação entre tecnologia acessível, capacitação e clareza sobre seu uso pode redefinir o ambiente corporativo nos próximos anos. “Os trabalhadores estão ansiosos para alavancar a IA para o crescimento profissional e buscam em seus locais de trabalho orientações claras sobre como maximizar seu potencial”, concluiu Breslow.
Capacitação contínua será fundamental
O estudo, porém, aponta que a eficácia da IA depende diretamente da qualificação dos profissionais. De acordo com a chefe de pesquisa de UX e marketing da Grammarly, para que as organizações se mantenham competitivas em um cenário onde todos utilizam a inteligência artificial, elas devem investir ativamente em ajudar seus funcionários a utilizá-la bem, capacitando os trabalhadores por meio de programas de aprendizagem e desenvolvimento.
A pesquisa indica uma transformação gradual no modo de trabalho, com a IA assumindo um papel central em processos operacionais. Segundo o estudo, a maioria dos entrevistados (64%) vê a IA como uma oportunidade de crescimento na carreira, e não como uma ameaça.
Desafios na implementação da IA
Um estudo do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) aponta que até 2030 cerca de 37% das habilidades exigidas dos trabalhadores brasileiros terão de ser atualizadas em razão da IA e outras tecnologias. O levantamento enfatiza a vulnerabilidade de funções administrativas, secretariais e operacionais, com maior demanda para especializações em big data, inteligência artificial e machine learning.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, nove a cada dez empresas brasileiras pretendem aprimorar competências em até cinco anos. No entanto, a maior parte (58%) priorizam contratar novos perfis em vez de investir em treinamento interno (48%).
Apesar desses desafios, o Brasil se posiciona à frente globalmente em adoção de IA estratégica. Uma pesquisa do LinkedIn mostra que 74% dos executivos brasileiros consideram importante preparar suas empresas para mudanças trazidas pela tecnologia — acima dos 63% da média global.
Além disso, o Brasil foi o segundo país que mais cresceu em contratações na área de IA em um ano. De acordo com o AI Index Report 2025, da Universidade de Stanford, as contratações brasileiras na área de IA cresceram 30,8% em relação ao ano anterior. Com isso, o Brasil ficou atrás apenas da Índia (33,4%) e à frente da Arábia Saudita (28,7%).