Durante décadas, o quarto foi projetado como uma extensão estética da residência. No entanto, uma mudança de paradigma vem reposicionando esse ambiente como um espaço voltado à regeneração física e emocional. Elementos como colchões tecnológicos, isolamento acústico, controle de luminosidade e conforto térmico passam a compor o conceito de “design do sono”, que une fundamentos científicos, psicológicos e funcionais.
A busca por ambientes agradáveis visualmente segue presente na arquitetura, mas ganha reforço de abordagens como a Psicoarquitetura, que considera os impactos dos espaços sobre o comportamento e a saúde. Segundo a arquiteta Marina Destri, embaixadora da Psicoarquitetura no Brasil, o quarto tem assumido um novo papel: “O quarto deixou de ser apenas parte do projeto decorativo. Hoje, é entendido como ambiente de descanso profundo e autocuidado, o que exige atenção técnica e intencionalidade nos projetos”.
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Sono em crise
De acordo com estimativa da Academia Brasileira do Sono, mais de 73 milhões de brasileiros enfrentam algum grau de insônia. A insônia está associada a quadros de estresse, ansiedade, dificuldade de concentração e riscos à saúde metabólica. Um outro estudo da Fiocruz, publicado pelo Ministério da Saúde, aponta que 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas, a insônia.
Nesse contexto, a arquitetura de interiores pode contribuir de forma relevante. Ainda segundo Marina Destri, “ao projetar um ambiente, o arquiteto está moldando o cotidiano de uma pessoa. Incorporar diretrizes que favoreçam o sono é uma forma de agregar valor funcional e humano ao projeto”.
Psicoarquitetura e o impacto do ambiente
A Psicoarquitetura propõe o uso consciente de cores, iluminação, texturas e acústica para apoiar a saúde mental e fisiológica. A aplicação desses conceitos no dormitório pode incluir o uso de luz âmbar para o período noturno, tecidos naturais e tonalidades suaves que favorecem o relaxamento. Estudos indicam que a exposição a luzes frias e sons constantes antes de dormir pode comprometer a produção natural de melatonina e prejudicar o ciclo circadiano.
“Recursos como blackout, vedação acústica e elementos que evocam conforto emocional são utilizados com o objetivo de proporcionar segurança sensorial, especialmente em contextos urbanos ou para pessoas com maior sensibilidade a estímulos, como indivíduos com transtornos do espectro autista, TDAH ou quadros de ansiedade”, completa Marina.
Colchão como item técnico do projeto
Entre os fatores que influenciam diretamente a qualidade do sono está o colchão. A marca Simmons, que atua com produtos voltados ao descanso ao consumidor e hotelaria de luxo, tem promovido encontros com arquitetos e designers para apresentar dados técnicos sobre o impacto de materiais, estrutura e conforto no desempenho do sono.
Na palestra “Os Pilares do Sono Saudável”, promovida pela empresa, são apresentados estudos e dados técnicos que mostram como diferentes tipos de estrutura, materiais e tecnologias embarcadas influenciam o conforto térmico, a ergonomia e a durabilidade do colchão — fatores que impactam diretamente o desempenho do sono. A recomendação é que o produto respeite o biotipo e os hábitos de sono do usuário, além de atender a critérios de suporte e alinhamento postural.
Essas informações vêm sendo discutidas em eventos promovidos nas lojas da marca em diferentes regiões do país, com o objetivo de sensibilizar especificadores e consumidores para o papel do colchão como componente essencial de saúde e bem-estar.
Novas diretrizes para projetos residenciais
“A valorização do sono como parte do briefing tem influenciado a atuação de profissionais do setor. Ao considerar aspectos como conforto térmico, redução de estímulos luminosos e sonoros e escolha adequada de mobiliário, é possível criar soluções mais personalizadas e com impacto positivo sobre a rotina das pessoas. Essa abordagem amplia o papel do arquiteto para além da estética: Projetar com base na Psicoarquitetura é contribuir com estilos de vida mais saudáveis e conscientes”, complementa Marina.
Contribuição para a saúde coletiva
Segundo um estudo publicado no The Lancet Public Health, a melhoria das condições do sono pode ter efeitos amplos sobre a saúde pública. A arquitetura, nesse sentido, é uma aliada na criação de ambientes mais humanizados.
Com mais de 150 lojas exclusivas no Brasil, a Simmons colchões tem investido na disseminação de conhecimento técnico sobre o sono por meio de conteúdos educativos, treinamentos e ações em parceria com profissionais da área. A proposta é incentivar que o design do sono seja considerado uma vertente relevante também para o setor de especificação e decoração de interiores.
Dormir bem é uma necessidade fisiológica. Incorporar esse entendimento aos projetos de interiores pode contribuir não apenas com o conforto dos moradores, mas com a saúde humana no geral.
Para conhecer mais sobre o movimento Psicoarquitetura, basta acessar: https://psicoarquitetura.com.br/sobre/