Uma metodologia inédita de mensuração de sequestro de dióxido de carbono, desenvolvida no Brasil, foi validada pela Bureau Veritas, uma das mais antigas certificadoras do mundo. O sistema utiliza dados de satélites de agências espaciais, como NASA e ESA, e algoritmos de inteligência artificial (IA) para calcular o carbono líquido presente em áreas de vegetação nativa em áreas a partir de 100 hectares.
A proposta surge em meio à expansão do mercado global de compensações de emissões. Segundo estimativa da McKinsey, a demanda por créditos de carbono pode crescer até 15 vezes até 2030, movimentando cerca de US$ 50 bilhões na próxima década. Em 2021, o setor girou em torno de US$ 1 bilhão.
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O tema também está em pauta nas políticas públicas. A União Europeia anunciou em julho a meta climática para 2040, permitindo pela primeira vez o uso de créditos de carbono brasileiros. A medida converge com o Projeto de Lei nº 15.042/2014, que institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE).
De acordo com especialistas envolvidos no desenvolvimento da metodologia, a certificação internacional garante maior precisão e transparência na mensuração do carbono sequestrado. Os dados são compilados em mais de 200 índices de análise vegetal — entre eles clorofila, pigmentos, umidade e biomassa — com eficácia próxima de 100%, reduzindo riscos de fraude ou geração de créditos não lastreados.
Com os dados recolhidos a partir dos satélites das maiores agências espaciais do mundo, nós garantimos uma precisão de 99,95% na mensuração dos volumes de sequestro de carbono, além de permitir avaliar índices de análise vegetal e ter acesso ao desenvolvimento das árvores nas florestas sem a intervenção humana
", disse o CEO da Greenline, Erick Mussi.
Um método ainda permite a possibilidade de retroagir em até 11 anos nos cálculos, já que os satélites disponibilizam informações desde 2014. Além disso, a metrificação pode ser realizada em áreas relativamente menores que as analisadas por outros métodos, a partir de 100 hectares, o que permite a inclusão de propriedades de pequeno e médio porte no sistema de compensações.
O modelo busca ainda desestimular atividades comerciais em áreas de floresta nativa, oferecendo alternativa de remuneração a proprietários rurais por meio da venda dos créditos gerados. A expectativa é que a metodologia amplie a participação do Brasil no mercado internacional de carbono e fortaleça iniciativas de preservação ambiental no país.