
Uma comitiva formada por 13 agricultores e agricultoras familiares do Paraná embarca amanhã (11) rumo a Belém (PA) para participar da COP 30 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Organizada pela FETAEP (Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná), a caravana tem como propósito reforçar o papel da agricultura familiar como protagonista nas soluções para a crise climática — e não apenas como vítima dos seus efeitos.
A agricultura familiar se destaca na produção de alimentos como milho, mandioca, leite, olerícolas, feijão, arroz, suínos, aves, café, trigo e frutas. Pesquisas indicam que este modelo de produção é historicamente diversificado, contribuindo com o meio ambiente por meio do sequestro de carbono e da redução dos gases de efeito estufa, além da segurança alimentar e nutricional da sociedade. “As pequenas propriedades são exemplos de produção em harmonia com o meio ambiente, com diversidade e manejo sustentável”, destaca Tainá Guanini de Oliveira, secretária de Meio Ambiente da FETAEP.
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Ela representará a Federação na Zona Azul, espaço oficial de negociações da COP, enquanto o restante da delegação participa principalmente da Cúpula dos Povos – onde se reunirão representantes da sociedade civil e dos movimentos sociais de diversos países. “Como a Zona Azul é um local limitado e de acesso restrito, contaremos com a pressão da Cúpula dos Povos para pautar a Zona Azul”, salienta.
O momento, segundo Tainá, é de grandes expectativas. A COP 30 acontece dez anos após o Acordo de Paris, que definiu compromissos globais para a redução das emissões de gases de efeito estufa por meio das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). “Além de apresentar um balanço dos últimos dez anos, novas metas serão estabelecidas, e estamos animados em ver como o Brasil vai inserir a agricultura familiar neste planejamento futuro — visto que somos parte da solução”, destaca a secretária de Meio Ambiente.
Para a FETAEP e a CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares), a participação na COP 30 é uma oportunidade de levar a voz dos trabalhadores e trabalhadoras do campo às discussões internacionais, destacando que as políticas climáticas precisam considerar a realidade de quem produz os alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. “Queremos mostrar que a agricultura familiar paranaense é parte da solução. Somos quem sente os impactos, mas também quem oferece caminhos concretos para enfrentá-los”, conclui Tainá.
Dados
No Paraná, de acordo com o IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná), a agricultura familiar representa 75% dos empreendimentos rurais, gerando trabalho e renda nos pequenos municípios.
O último Censo Agropecuário do IBGE (2017) revelou que o setor é a base da economia de 90% dos municípios brasileiros, com até 20 mil habitantes. De acordo com a pesquisa, a agricultura familiar no Brasil é responsável por 48% do valor de produção de culturas permanentes como café e banana. Nas temporárias, o protagonismo é ainda maior: 80% da mandioca, 69% do abacaxi e 42% do feijão vêm de estabelecimentos familiares. No entanto, justamente essas culturas estão entre as mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global — podendo até desaparecer em algumas regiões semiáridas do país.
