Por: Paulo Dalla Stella
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Vez por outra um termo ligado à comportamento, desenvolvimento humano ou “coaching” se torna popular, fica “na moda” e aparece em tudo quanto é artigo de blog, de revista, de jornal, como se fosse a última maior invenção do século. Assim foi e tem sido com os conceitos de inteligência emocional, “rapport”, comunicação não violenta e empatia só para citar alguns dos assuntos preferidos por “coaches”, psicólogos ou terapeutas em geral mundo afora. Acho engraçado não o fato destes termos passarem agora a ser divulgados, pois desta forma as pessoas passam a prestar atenção na importância de seus conceitos para a sociedade, mas por conta de seguirem tendências globais de comportamento que veem a popularidade de tais ideias como informação para ser usada como antídoto contra mazelas no campo de interações humanas em geral. A empatia, e a razão desta se tornar de repente popular, indica apenas que o mundo acordou para os problemas causados pela falta dela. Em um mundo onde em que “parece” estar faltando empatia nas pessoas, o termo vem à tona para “nos salvar”. Mas por que será mesmo? O que vem de fato a ser empatia e por que se faz tão importante?
Empatia, em uma explicação técnica, significa a capacidade de uma pessoa de se colocar “profundamente” no lugar de outra, de humildemente sentir aquilo que a outra pessoa sente, e se conectar com ela mostrando o quão presente está ali por entender perfeitamente o que ela está passando; o contrário da simpatia, que denota apenas uma mais rasa afeição pelo problema alheio.
Embora segundo autores renomados no campo da neurociência, linguística, pensamento crítico, antropologia e psicologia evolutiva como Steven Pinker, Ben Shapiro, Matt Ridley e Rutger Bregman, por exemplo, defendam a tese de vivermos hoje em um mundo melhor e de que o pessimismo sobre a situação global atual é na verdade uma arma do populismo para manipulação das massas, sentimos no dia a dia, o peso de tempos ansiosos em que grande parte da população mundial, independentemente da situação pandêmica atual, parece não acreditar que o ser humano será capaz de sair por cima de todo este sentimento de insegurança sobre o futuro que nos afeta. Seria este pessimismo causado por falta de informação sobre números reais de nosso crescimento como humanos no campo da medicina, tecnologia, ciências em geral e nas taxas mais baixas de criminalidade? Ou seria isso resultado do excesso de informação negativa, tendenciosa e alarmista propagada por mídias sociais que se aproveitam na curiosidade e tendência natural humana de prestar mais atenção nas notícias ruins do dia a dia?
Qualquer que seja a razão por detrás das causas dos problemas humanos atuais, conceitos como comunicação não violenta e empatia que se tornam hoje habilidades sociais (soft skills) necessárias para a vida pessoal positiva e profissional produtiva servem para manter viva a ideia de que há uma forte tendência sim a uma reação das pessoas contra este pessimismo global ao procurarem popularizar tais conceitos. Empatia significa em muitos aspectos a supressão de seu ego e ideias pré-concebidas em prol da aceitação da validade de pensamentos alheios que podem estar mais certos e serem mais adequados até do que os seus próprios. Se colocar no “lugar do outro” e não apenas simpatizar com suas ideias é uma forte arma que, se adotada, irá melhorar em muito as relações pessoais e de negócios de maneira global. Digo isso pois desconfio fortemente que a causa para muitos conflitos, mal entendimentos, problemas de comunicação que por sua vez criam divórcios, brigas, guerras, fracassos em geral e falências advêm do costume humano de não aceitar estar errado, não ouvir ao outro e querer sempre impor sua própria ideia a todo custo que pode advir no fundo de uma falta de auto estima generalizada, vilã esta, em minha humilde opinião, de todo fracasso em termos de relações humanas.
A empatia, que ainda bem se tornou “modinha”, (só espero que não apenas superficialmente e para enfeitar títulos de artigos em blogs mundo afora), seria o elemento principal para eliminar comportamentos nocivos às interações humanas e o conceito base que servirá de ponto de partida para a correção de hábitos formados por uma cultura voltada para o egocentrismo, consumo desenfreado e falta de foco que formam tudo aquilo que poderá “de fato” ser motivo de pessimismo generalizado que são preconizados pelo preconceito, intolerância, arrogância e ignorância.
Se a causa de todos os males está em jamais aceitar que podemos estar errados e que absorver isso com humildade nos fará crescer como humanos e nos preparar para um futuro mais positivo, então ao termos empatia e honrarmos nossa posição como seres que dependem uns dos outros para viver, estaremos assim dando o primeiro passo não somente para um mundo mais justo, mais humanizado, mais justo e blá, blá, blá, mas para uma existência mais calma, mais “cool”, mais centrada, mais leve, mais focada e desprovida da ansiedade que a falta de empatia, a necessidade de estar sempre com a “verdade” e a incapacidade de ouvir e se relacionar com o outro hoje promove em nossas vidas.

Divulgação Abode Stock