Por: Paulo Dalla Stella
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Era uma vez um tempo em que haviam apenas algumas pessoas em posição de vendedor. Era um tempo em que a gente saía da faculdade de administração torcendo pra não ter que iniciar nossa carreira em “sales” ou no comercial, como se falava (e ainda se fala) para não ter que usar a palavra “vendedor”. Bem, preconceitos a parte, sempre soubemos que tudo começa com uma venda, que as habilidades para se vender são muito valorizadas pessoalmente e que para vender algo é necessário entender muito de natureza humana, o que é muito legal, mas mesmo assim, “Deus me livre” ter que trabalhar com vendas! Não estudei a vida inteira para depois ter que vender algo! são frases que sempre dissemos ou ao menos ouvimos dizer de pessoas que imaginam o vendedor como aquele elemento cafona que saia debaixo de sol ou chuva com uma pastinha debaixo do braço e que batendo de porta em porta, voltava pra sua casa humilde cansado e frustrado diante de tantos “nãos” recebidos durante o dia… pois é, estou a escrever isso agora e me vêm à mente memórias do tempo em que eu mesmo me formei e fugi de anúncios de vagas de emprego de vendas como o diabo foge da cruz.
Mas como disse Arthur Miller em “Death of a Salesman” (Morte do vendedor), todos somos vendedores mas nem sequer sabemos disso. Você não precisa ser aquele vendedor estereotipado de pasta na mão e cabelo emplastado, eles, aliás, nem existem mais. Você também não precisa ser aquele vendedor típico com frases decoradas que a gente encontra em concessionárias de carros mundo afora, aliás, esses também, se ainda existem, não devem estar também indo muito bem e com certeza não servem de inspiração para você ou para ninguém. Vendedores somos todos nós, queiramos ou não. Vender faz parte da natureza humana assim como persuadir, convencer ou encantar fazem parte de quem aprendemos a ser desde muito cedo, quando chorávamos para ganhar as coisas de nossos pais, quando vendíamos uma imagem de “cool” para ser aceito por nossos colegas ou quando precisávamos mostrar o que sabíamos da maneira mais eficaz e produtiva possível para agradar ao chefe de onde trabalhávamos. Vender a nós mesmos todos fazemos e a toda hora, desde o momento que nos arrumamos para sair de casa, passando pelas fotos que postamos nas redes sociais até a hora de ganhar dinheiro vendendo nossas ideias e imagens charmosas para ganhar algumas curtidas. Vendemos a nós mesmos em primeiro lugar e hoje, mais do que nunca, vendemos todo tipo de produto e serviço sem nos darmos conta de que o assim estamos fazendo.
As relações entre trabalhador e empregado estão mudando tanto quanto as relações entre emprego como costumávamos nos preparar durante nossa faculdade e trabalho que hoje até independe sequer de se ter uma faculdade. Além das mudanças no modo das pessoas ganharem a vida e a relação delas com o trabalho no mundo que têm sido influenciadas pelas mudanças na tecnologia, mudou-se as expectativas sobre o mundo de uma forma geral. Embora pareça que as gerações mais novas e principalmente a geração Z estejam de certa forma desconectada dos valores de antigamente que nos levavam a acreditar que o mundo jamais mudaria da forma como vem mudando, eles, os jovens possuem uma visão mais desligada da forma como as gerações antigas ganhavam a vida e acredite: Os jovens hoje estão bem mais afinadas com a ideia de vender, estão bem mais desprovidos deste preconceito limitador e muito mais abertos para a possibilidade de vender algo para ganhar a vida da maneira que bem querem. Se isso é bom ou não, saberemos mais na frente, quando esses jovens estiverem adultos, mas acredito que com a mudança de seus valores a respeito de trabalho e da relação de vendas, que no futuro teremos uma sociedade bem mais voltada para o que importa e bem mais focada em qualidade de vida quando a palavra vendas não mais causará o impacto negativo que hoje causa na maioria das pessoas. No futuro próximo, vender algo será tão natural que ninguém mais duvidará de sua importância ou de seu talento pessoal para a venda de produtos e serviços e isso, tenho certeza, já começa felizmente a acontecer neste momento em que vivemos. Lembraremos no futuro deste momento e falaremos: Era uma vez um tempo em que ainda se duvidava que vender seria tão normal e comum quanto trabalhar para se ganhar a vida honestamente com o que se sabe e se quer fazer.