O desaparecimento de João Rafael dos Santos Kowalski completa 10 anos nesta quinta-feira (24). Em 2013, à época com um ano e 11 meses, o menino sumiu enquanto brincava no quintal de casa, na zona rural de Adrianópolis, cidade do Vale do Ribeira, que fica a 120 quilômetros de Curitiba, mas que faz parte da Região Metropolitana. Hoje a criança estaria prestes a completar 12 anos – a imagem abaixo mostra a última projeção feita pela Polícia Civil de como ele estaria com oito anos de idade.
Quando a polícia iniciou as investigações, duas hipóteses foram averiguadas: a de sequestro, ou a de que João caiu no rio que passa atrás da casa da família.
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A principal hipótese da delegacia de Adrianópolis e do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) é a queda no rio, apesar de nunca terem conseguido validar a forte suspeita. Inclusive, o capitão Daniel Lorenzetto, comandante do Gost, líder das buscas por João Rafael no rio, disse em entrevista ao Tribuna da Massa (Jornal diariamente exibido na TV Massa, filial do SBT no Paraná), 28 dias após o desaparecimento, que apesar de haver a possibilidade de o menino ter entrado no rio, a probabilidade de que isso realmente tenha acontecido era muito baixa. “Quando começamos as buscas o rio tinha bastante visibilidade, pouca correnteza e nível baixo, isso facilitaria a localização desse menino se ele estivesse no rio. Mesmo assim nossos operadores do Gost fizeram uma busca minuciosa ao longo do rio e não acharam nada. Se ele estivesse no rio já teríamos achado”, explicou.
A mãe do menino, Lorena Cristina Conceição, acredita na versão de sequestro e pede que seja que seja feita uma acareação entre pessoas que foram investigadas na época do sumiço pela possibilidade de sequestro. “Os delegados [que passaram pelo caso] têm plena convicção de que o João está morto no rio. Mas eu que moro aqui, assim como outras pessoas, sabemos que não. Se não a gente tinha achado. Meu coração diz que ele não caiu no rio. Se não foi sequestrado, alguém matou e enterrou”, desabafa a mãe.
A investigação
Desde que o menino desapareceu, milhares de especulações surgiram, mas efetivamente apenas duas pistas foram encontradas perto do rio. Um boné, parecido com o que João Rafael usava quando desapareceu. E uma fralda suja de sangue. Mas a polícia não confirma se elas têm algo a ver com João Rafael. O boné achado no rio, e anexado como pista ao inquérito é de um sindicato, e existem centenas de copias idênticas a ele pela cidade. Ou seja, não se pode ter certeza de que o boné encontrado no rio é o mesmo que o menino usava quando desapareceu.
Ainda hoje não foi feita a análise de DNA chamada “Exame de DNA Mitocondrial’, com o material genético encontrado no boné. Segundo a polícia, o fio de cabelo que estava preso à peça não tinha condições de passar pelo exame. A outra pista, a fralda, é da mesma marca que João usava, e tinha mesmo sangue. Mas também não foi possível fazer o exame completo de DNA, por seu um material com muita química.
Um retrato-falado de uma mulher que teria sido vista na região com uma criança loira também foi feito e a mulher procurada. Mas nenhuma informação sobre quem seria a mulher do retrato-falado foi divulgada pela polícia civil. Desde então, várias hipóteses foram levantadas, inclusive a de que o menino teria sido levado para a Holanda. Em julho de 2014, algumas suspeitas foram levantadas sobre a possível participação de uma ex-babá no sequestro da criança, mas nada foi confirmado.
No inquérito policial do desaparecimento de João Rafael já constam mais de 3 mil páginas e 100 pessoas ouvidas. Ele corre sob sigilo de justiça e detalhes não são divulgados. Segundo o Sicride as investigações nunca pararam. O inquérito, conforme a jurisdição do caso, corre pela delegacia de Adrianópolis. Mas, assim como toda situação de desaparecimento de crianças, a delegacia local recebe o apoio investigativo do Sicride. Mesmo que algum dia a Justiça entenda que o inquérito deva ser arquivado (por ter se passado muitos anos sem solução), o Sicride vai continuar averiguando todas as denúncias que chegarem em relação ao João Rafael, ou qualquer outra criança desaparecida.