Abrir um negócio tem sido uma alternativa cada vez mais adotada pelos brasileiros. Motivados pela busca de autonomia, crescimento profissional ou, muitas vezes, pela necessidade, milhões de empreendedores mergulham no desafio de estruturar suas empresas e torná-las sustentáveis.
É o que revelam os números do Monitor Global de Empreendedorismo, realizado no Brasil pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Associação Nacional de Estudos e Pesquisas em Empreendedorismo (Anegepe). A pesquisa indica que a taxa de empreendedorismo no país atingiu o maior patamar dos últimos quatro anos, saltando de 31,6% para 33,4% em 2024, refletindo o crescente interesse dos brasileiros em abrir o próprio negócio.
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Outro dado relevante, divulgado pelo Governo Federal, é que, apenas nos primeiros três meses de 2025, o Brasil registrou a abertura de 1,4 milhão de novos negócios. Deste número, 78% correspondem aos microempreendedores individuais (MEIs). Se por um lado os dados indicam um avanço no empreendedorismo nacional, por outro, a realidade dos primeiros anos pode ser marcada por obstáculos como gestão financeira e adaptação ao mercado.
Segundo o especialista João Henrique Silva Costa, fundador e CEO da Contajá, essa fase inicial exige cautela e estratégia. “No início, quase tudo é novo para o empreendedor. Ele ainda está calibrando sua capacidade de analisar, gerenciar riscos e captar clientes. A ansiedade e a necessidade de fazer a operação girar rapidamente também pode levar a decisões impulsivas ou mal embasadas. Criar um fluxo de caixa positivo talvez seja o primeiro desafio. Sem isso, e com capital de giro limitado, tudo fica mais difícil e o tempo passa a ser um inimigo”, observa.
Para ele, erros de planejamento também podem gerar dificuldades complexas de contornar durante a fase inicial de uma empresa. “Estruturar adequadamente o fluxo de caixa, entender os desembolsos necessários, estimar capital de giro, considerar fontes de financiamento e, principalmente, conseguir atrair os primeiros clientes exige conhecimentos multidisciplinares e muita criatividade”, argumenta.
Um levantamento do Sebrae RS, que ouviu mais de 500 empreendedores, aponta que os principais desafios para os pequenos negócios em 2025 são o aumento de vendas (59%), equilibrar finanças (36%), planejamento dos negócios (29%), mão de obra qualificada (29%), aumento dos custos (27%) e a redução do poder de compra do consumidor (24%).
De acordo com o especialista da Contajá, um fluxo de caixa desorganizado, despesas mal projetadas e estoque com baixa rotatividade podem gerar riscos ao negócio. “A falta de visibilidade sobre essas variáveis leva o empreendedor a tomar decisões erradas, como investir mais quando deveria segurar, ou cortar onde deveria apostar. Sem previsibilidade e controle, a margem de erro some – e a empresa pode colapsar mesmo com boa demanda ou produto competitivo”, avalia.
Para quem está começando, Costa afirma que um passo essencial para o empreendedor é entender o mercado, mapear os custos fixos e variáveis, projetar a necessidade de capital de giro e ter uma noção realista de quanto tempo pode levar para o negócio se pagar.
“Outro ponto importante é saber validar sua proposta de valor com rapidez e baixo custo. Antes de investir pesado, é mais inteligente testar. Ouvir o cliente, observar as primeiras reações e ajustar o produto ou serviço com base em feedback real costuma ser mais eficiente do que seguir um plano inflexível”, sugere.
O CEO orienta que uma estratégia a ser utilizada é tratar a contabilidade como uma parceira, não apenas para cumprir obrigações legais, mas para ajudar o empreendedor. “Uma contabilidade que faça análises periódicas de desempenho, projeções de fluxo de caixa, enquadramento tributário adequado, controle de margem e viabilidade financeira permite ao empreendedor tomar decisões com mais segurança e dados concretos, e não apenas por instinto”, destaca.
“Ter fé no negócio é importante, mas a empresa precisa ser acompanhada de rigor com os números. Controlar entradas e saídas com constância, mesmo quando o faturamento ainda é pequeno, cria uma cultura de gestão que tende a se perpetuar com o crescimento”, acrescenta.
O fundador da assessoria Contajá ressalta, ainda que, apesar de desafiador, o empreendedorismo continua sendo uma alternativa promissora para aqueles que conseguem equilibrar inovação e gestão eficiente.
“O diferencial de uma empresa está no problema que ela resolve. Por isso, é essencial manter o foco no cliente. Ouvir quem paga a conta – e se adaptar com base nesse retorno – é um dos caminhos mais sólidos para a construção de um negócio sustentável”, conclui.
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